Por obstrução de justiça nas investigações sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, o general Walter Braga Netto é mantido no quarto do chefe de Estado Maior da 1ª Divisão do Exército, no Rio de Janeiro, após ser preso no sábado (14). As informações são do Fantástico.

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O cômodo tem armário, geladeira, ar-condicionado, televisão e banheiro exclusivo. As refeições são feitas no rancho, o restaurante onde os oficiais de patentes mais altas comem, apurou a TV Globo. O general tem direito a quatro refeições por dia: café, almoço, janta e ceia.

O local de prisão de Braga Netto havia sido improvisado para receber o oficial. Na estrutura do Exército no Rio não existia um espaço adequado para o isolamento de um general de quatro estrelas, que é a patente do general.

A prisão especial é prerrogativa dos militares antes da condenação definitiva. Pelas regras, oficiais não ficam atrás das grades dentro de unidades militares: eles são alojados em lugares modificados dependendo da posição.

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Braga Netto está preso em uma unidade que já foi subordinada a ele de 2016 a 2019, quando chefiou o Comando Militar do Leste. A unidade fica na Vila Militar, em Deodoro, na Zona Oeste do Rio — a 40 quilômetros de Copacabana, na Zona Sul, onde o general mora e foi preso na manhã de sábado.

Novos fatos na investigação

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes disse que a prisão do general Braga Netto foi baseada em importantes e novos fatos relacionados ao inquérito que apura uma tentativa de golpe de estado após as eleições de 2022.

Moraes afirmou que, depois de conseguir novas provas, a Polícia Federal apontou que “Braga Netto atuou no sentido de obter informações relacionadas ao acordo de colaboração firmado com Mauro Cid” e que o depoimento prestado por Cid aos investigadores, no dia 21 de novembro, apresentou elementos que permitem caracterizar a existência de conduta dolosa de Braga Netto no sentido de impedir as investigações em curso. A defesa de Braga Neto nega que ele praticou “qualquer obstrução ou embaraço as investigações”.

O ministro incluiu na decisão um documento encontrado pela Polícia Federal na sede do Partido Liberal (PL). O documento estava na mesa do coronel Flávio Botelho Peregrino, assessor do general. O registro mostra a tentativa de busca por informações da delação de Mauro Cid.

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De acordo com a decisão de Moraes, a Polícia Federal confirmou que Braga Netto teve participação ativa na Operação Punhal Verde Amarelo (planejamento para manter Bolsonaro no poder e eliminar autoridades públicas, como o presidente Lula e o ministro Alexandre de Moraes). Ainda segundo a PF, no depoimento prestado em novembro, Mauro Cid disse que o general Braga Netto tratou da arrecadação de dinheiro para colocar em prática a operação.

A decisão afirma que foi o general quem obteve e entregou os recursos necessários para a organização e execução da operação.

Na audiência no STF em 21 de novembro, Mauro Cid disse que esteve em uma reunião onde o general Braga Netto entregou o dinheiro que havia sido solicitado para a realização da operação. Os valores foram entregues em uma sacola de vinho.

Moraes afirmou que as novas práticas contra Braga Netto são fortes e disse que o general contribuiu em grau mais efetivo e de elevada importância do que se sabia anteriormente. E concluiu: “os desdobramentos da investigação, notadamente a realização da denominada operação “Contragolpe’ e os novos depoimentos do colaborador Mauro César Barbosa Cid revelaram a gravíssima participação de Walter Souza Braga Netto nos fatos investigados, em verdadeiro papel de liderança, organização e financiamento, além de demonstrar relevantes indícios de que o representado atuou, reiteradamente, para embaraçar as investigações”.

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*Sob supervisão de Luana Amorim

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