O primeiro cargo de chefia pode abrir as portas para uma grande carreira de gestor ou se tornar uma armadilha se o profissional não prestar atenção aos detalhes que acompanham a transição de uma função técnica para a de liderança.

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Os novos papéis e responsabilidades mexem com as emoções e o comportamento do profissional, mas nem todos têm consciência disso e podem se perder no caminho.

– Alguns deixam de almoçar com colegas de trabalho, participar de happy hour e se isolam – afirma Rúbia Pereira, consultora da De Bernt Entschev Human Capital.

Para a consultora, é importante manter os relacionamentos que já existem e cuidar dos que serão estabelecidos dali para frente, tomando-se o zelo de separar o que é pessoal do que é profissional.

Informações de nível estratégico não podem ser abertas a todos, tão pouco privilegiar um amigo com informações que não poderia passar. E quando perceber que alguém quer se valer da antiga amizade, recomenda-se posicionar-se logo de primeira, impondo os limites e papéis de cada um. Este é um campo minado, diz Rúbia.

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– É difícil para alguns líderes novatos entender que é preciso focar o negócio, o resultado da companhia. Se o novo chefe mantiver uma postura aberta, não agir com soberba e deixar claro para a equipe que está ali para ajudar no desenvolvimento, terá mais chances de sucesso – observa.

Para quem acabou de ser promovido, a chave é se preparar. Existem várias obras que tratam do tema. No livro “Aprender a Ser Gestor – O Que Precisa Para Construir Uma Carreira de Sucesso na Área da Gestão”, Linda A. Hill, professora da Harvard Business School, oferece orientações úteis a partir da experiência com 19 novos gestores que acompanhou durante o primeiro ano em funções de gestão.

E para quem busca o autoconhecimento e quer romper com comportamentos que podem ser prejudiciais, o clássico “Sucesso Máximo: Quebre os 12 Hábitos que Ameaçam a Sua Carreira”, de James Waldroop e Timothy Butler, traz uma ampla análise sobre o tema, revelador para quem ocupa qualquer posto na companhia.

O que define uma boa imagem

Quando chega o dia da tão sonhada promoção, é natural que o profissional procure transmitir uma imagem compatível com a função de chefia. Mas o que define uma boa imagem?

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Rúbia Pereira, consultora da De Bernt Entschev Human Capital, diz que, em primeiro lugar, o que define a boa imagem é a competência técnica aliada à habilidade em gestão de pessoas.

Em seguida, aquilo que é característico na cultura de cada organização. As empresas costumam ter códigos de conduta mesmo que não sejam declarados.

– Observe como os outros executivos de sua empresa se vestem e se comportam. Algumas companhias valorizam pessoas que usam roupas de marca, outras nem tanto, descubra qual é o padrão de comportamento onde trabalha – diz Rúbia.

A consultora diz que costuma atender executivos com nível salarial elevado e poucos se apresentam de terno e gravata, por exemplo. Para ela, o estereótipo do executivo nem sempre é verdadeiro.

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– Não é regra ter a última geração do Iphone ou caneta Montblanc, embora dificilmente serão vistos com uma caneta bem simples – afirma.

Se a observação não for suficiente e o profissional continuar com dúvidas, uma opção é contratar o serviço de consultoria de imagem.

Rúbia diz que este serviço está na moda, mas não é regra entre os executivos e nem é obrigatório para quem alcança postos elevados. Mas a consultoria pode ajudar a definir, por exemplo, o tipo de roupa que combina com o biotipo e com o perfil desejado. De modo geral, Rúbia aconselha a não ser oito ou 80 nas escolhas e ter como máxima a discrição.

– Tem que se lembrar que está no ambiente de trabalho, não em uma pizzaria, você nunca sabe quando terá visita-surpresa de um cliente, por isso, tem que cuidar sempre. A empresa também não é o ambiente para destacar as preferências sociais, o profissional não está ali para defender bandeiras – avalia.

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A consultora aconselha a prestar atenção às redes sociais, mantendo os contatos profissionais em rede profissional e os contatos pessoais em outra rede, de entretenimento.

Evitar discussões políticas e religiosas nas redes e ser seletivo nos debates complementam as dicas da consultora.