Com licitação lançada na semana passada, a Ponte Joinville promete melhorar o trânsito da cidade com uma nova ligação entre as zonas Leste e Sul. A estrutura é prometida há anos e tem previsão de início das obras para o primeiro semestre de 2023. Por isso, o AN ouviu a prefeitura e uma especialista em mobilidade para entender quais serão os impactos dessa construção para o município. 

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Segundo o secretário de Pesquisa e Planejamento Urbano (Sepur), Marcel Virmond Vieira, a construção de uma ponte para ligar as duas regiões mais populosas da cidade já era prevista desde o Plano Direito de 1975. No entanto, foi apenas no fim dos anos 2000 que o município realizou estudos para definir o traçado da estrutura.

O objetivo da Ponte Joinville é aliviar o trânsito em ruas que atualmente são usadas pelos moradores para circular de uma região para a outra. Entre elas, estão a Helmut Fallgatter, Aubé, Albano Schmidt, Florianópolis e Guanabara. O secretário diz que haverá um ganho de tempo para parte significativa da população desses bairros.

— Em média, são 12 minutos a menos do trajeto em horários não congestionados e o ganho fica muito maior se contar os horários de pico ou deslocamentos de bicicleta e à pé, que são significativos — detalha.

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Atualmente, os moradores da região Sul que precisam ir até a zona Leste, ou vice-versa, precisam se deslocar, pelo menos, até a Ponte do Trabalhador para realizar o trajeto. Com a nova ponte, de aproximadamente um quilômetro de extensão sobre o rio Cachoeira, haverá uma opção mais direta para conectar as duas regiões.

Estudos realizados pelo município mostram que 80 mil pessoas saem diariamente da zona Sul com destino ao Distrito Industrial. Segundo Virmond, o comportamento dos deslocamentos mudou nos últimos anos e cresceu para outras direções, inclusive para a região Leste, que será uma das impactadas pela construção da ponte.

Ponte terá espaço para deslocamentos de bicicleta e à pé
Ponte terá espaço para deslocamentos de bicicleta e à pé (Foto: Prefeitura de Joinville, Divulgação)

Incentivo para deslocamento de bicicleta

Outro ponto positivo da construção da Ponte Joinville para a mobilidade da cidade pode ser o impacto nas viagens à pé ou com bicicleta. Segundo a doutora em engenharia de transportes e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Simone Becker Lopes, pode haver um incentivo para o aumento desses deslocamentos.

— Atualmente, se as pessoas precisassem se deslocar entre o Adhemar Garcia e o Boa Vista talvez não fossem de bicicleta e optassem pelo carro. Com a ponte e a conexão dessa área, junto aos mangues, proporciona um caminho com áreas de contemplação para quem está à pé ou de bicicleta, por exemplo — ressalta.

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> Qual a estimativa de tráfego de veículos na futura Ponte Joinville

Simone atua como coordenadora da revisão do Plano Viário de Joinville, por meio do consórcio contratado para executar o trabalho, e conta que a nova ponte foi incluída nos estudos e simulações feitas para a mobilidade do município.

Um dos dados levantados foi sobre a redução do tempo de deslocamento em viagens de bicicleta. Com a construção da ponte seria possível percorrer o dobro da distância em um mesmo período de tempo do que atualmente, em que ainda é necessário passar por outros bairros para chegar de um ponto ao outro.

Ponte vai ligar os bairros Adhemar Garcia e Boa Vista
Ponte vai ligar os bairros Adhemar Garcia e Boa Vista (Foto: Prefeitura de Joinville, Divulgação)

Uso do solo e engenharia de tráfego são os desafios

Ao mesmo tempo em que surgem melhorias, a construção da Ponte Joinville pode criar novos desafios para a gestão municipal, de acordo com a professora Simone. Segundo ela, assim como poderá aumentar os deslocamentos de bicicleta e à pé, a estrutura também possibilita o crescimento do número de veículos circulando na região.

Por isso, será necessário controlar possíveis consequências para o trânsito com ações de engenheria de tráfego. Além de existir o risco de impactos em relação ao uso do solo, já que o aumento do fluxo e número de veículos pode gerar maior desenvolvimento de empreendimentos no entorno da estrutura.

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Simone destaca que a região é delicada, por se tratar de área de mangue e, segundo ela, a solução passa pelo município manter um controle rígido do uso de solo e do planejamento urbano, por meio do Plano Diretor.

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