Parte mais frágil do trânsito, o pedestre é o tema este ano da Semana Nacional de Trânsito, que termina nesta quinta-feira. A frase que dá nome à campanha – Cidade para as pessoas: proteção e prioridade ao pedestre – deixa claro que, para o futuro, os automóveis devem perder a prioridade nas cidades.
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Mas enquanto esta mudança ainda se desenha, o Santa foi a 10 ruas de grande movimento para saber como anda a relação dos motoristas com as faixas de segurança.
Os testes ocorreram entre segunda e terça-feira, do fim da manhã até a tarde. Foram colhidos quatro exemplos por ruas, que calculados forneceram as médias usadas nesta reportagem. A Rua 2 de Setembro, Itoupava Norte, em uma faixa próximo à Teka, é onde o pedestre leva menos tempo esperando para atravessar: quatro segundos em média. Quase cinco segundos a separam da segunda colocada, a Rua Dr. Pedro Zimmermann, Itoupava Central, em frente a WEG. Neste trecho, a espera dura 8,75 segundos em média.
– Vou sempre ao banco aqui em frente e os motoristas param, são educados. Só botar o pé na faixa, eles já dão passagem – afirma Adolar Jacobs, que costuma circular pela 2 de Setembro.
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No outro lado da lista, a Rua 7 de Setembro, Centro, é onde o pedestre perde mais tempo até que algum veículo lhe dê passagem na faixa de segurança. O trecho avaliado faz esquina com a Rua Alberto Koffke. Em média, o tempo de espera é de 23,25 segundos. Em seguida, com sete segundos de diferença, aparece a Rua Engenheiro Paul Werner na esquina com a Teresópolis, Itoupava Seca, onde a demora dura em média 16,25 segundos.
Luciene Gindri levou 16 segundos para poder atravessar na Rua Amazonas esquina com a Cresciúma, Garcia. Entre os trechos avaliados, este ficou em terceiro, com média de 10,5 segundos. Mas, ainda assim, a moradora critica o comportamento de alguns condutores:
– É muito complicado, eles não respeitam o pedestre. A gente acaba se adiantando na faixa de segurança, como eu fiz agora, senão ninguém dá passagem.
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A educadora de trânsito Márcia Pontes explica que, além do número de veículos, o comportamento do motorista também faz com que o tempo de espera varie de uma rua para outra. Ela defende que a pressa e a falta de consideração pelo pedestre afetam a relação da cidade com as faixas de segurança:
– As pessoas carregam o modo de vida corrido para o trânsito. Há também o egoísmo, a falta de empatia: os motoristas não se colocam no lugar do pedestre.
Campanha busca melhorar uso da faixa
Depois de aguardar 25 segundos para atravessar na faixa de segurança na Avenida Beira-Rio, Maria Emília da Silva e a irmã Cláudia da Silva tiveram de engolir de um motorista:
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– Podia ser mais rápido! – disse, referindo-se ao tempo que levaram para cruzar a via.
O trecho, próximo ao número 1067, ficou na sétima posição no teste feito pelo Santa, com 15,75 segundos em média para que os carros deixem os pedestres atravessar.
– Eu já caí na rua uma vez. Aqui o asfalto está cheio de desnível, e o motorista ainda vem berrar? Ele está estressado! E se fosse uma pessoa de idade? Falta bom senso – indigna-se Maria Emília.
Para o diretor de Trânsito do Seterb, Fábio Campos, falta também aprimorar a comunicação entre motoristas e pedestres. Por isso, junto à Semana Nacional de Trânsito, o município está fazendo a campanha Estenda a mão, respeite a vida, para incentivar as pessoas a sinalizar aos condutores quando forem atravessar na faixa. Campos compara a atitude ao comportamento nos pontos de ônibus, quando o usuário estende a mão em sinal de que pretende embarcar.
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– O pedestre deve aguardar o momento oportuno para atravessar a rua, em vez de cruzar de repente, surpreendendo o motorista. Então é preciso começar a fazer o gesto avisando que irá atravessar.
O tempo da demora
Rua 2 de Setembro – 4seg
Rua Pedro Zimmermann – 8seg75
Rua Amazonas – 10seg5
Rua Dr. Amadeu da Luz – 12seg
Rua Bahia – 12seg75
Rua Humberto de Campos – 14seg5
Avenida Beira-Rio – 15seg75
Rua Itajaí – 16seg
Rua Engenheiro Paul Werner – 16seg25
Rua 7 de Setembro – 23seg25
Dicas para atravessar com segurança
– Quando chegar perto da faixa, procurar ser visto pelos motoristas
– Calcule a distância que terá de atravessar
– Estenda o braço para sinalizar aos condutores e chamar a atenção dos motociclistas que trafegam pelo corredor de veículos
– Atravessar em linha reta para diminuir o tempo de exposição na faixa
– Cruzar a pista sem correr
– Olhar para os dois lados, mesma em pista de sentido único (pode haver, por exemplo, ciclistas na contramão)
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Como o motorista deve agir diante da faixa
– Ao se aproximar da faixa, reduzir a velocidade
– Dar breves toques de aviso no freio para alertar o veículo de trás
– Parar antes da linha de retenção da faixa
– Ligar o pisca-alerta quando parar o carro
– Estender o braço para fora da janela, movimentando-o para cima e para baixo em sinal de que irá parar
– O uso de break light reduz em 50% os riscos de colisão traseira (ele fica na altura da visão dos motociclistas)
Fonte: educadora de trânsito e coordenadora estadual do Movimento Internacional Maio Amarelo, Márcia Pontes
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