Dá para considerar uma invasão: nos próximos cinco anos, pelo menos 27 superproduções de super-heróis devem chegar às telas. Para os fãs e donos de sala de cinema, a notícia não poderia ser melhor. Mas há quem não esteja tão otimista com a onipresença dos homens de capa.

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O número impressiona: é quase o dobro do total de blockbusters de super-

heróis lançados nos últimos cinco anos. Não sem razão. Desde que a HQ começou a ser levada a sério, no início dos anos 2000, o gênero se tornou um dos mais lucrativos de Hollywood, emplacando o terceiro lugar entre os filmes mais rentáveis da história (Vingadores, de 2012), além da maior bilheteria deste ano (Guardiões da Galáxia) e de 2008 (Batman – O Cavaleiro das Trevas) e 2007 (Homem Aranha 3).

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Tamanho sucesso é alcançado graças, em parte, à ocupação maciça das salas de projeção na estreia. Vingadores, por exemplo, entrou em mais de mil cinemas brasileiros, quase metade do circuito. Um ano depois, a edição paulista do Festival Varilux de Cinema Francês perdeu cinco das 45 cidades em que exibiria suas produções porque as datas colidiam com Homem de Ferro 3.

– Não há mercado que resista a filmes que ocupem quase todas as salas – diz Rodrigo Teixeira, produtor do recém-lançado Tim Maia. – No meio, já se discutem formas de limitar essa ocupação.

A patrola dos heróis, no entanto, não assusta Paulo Sergio Almeida, diretor do portal Filme B. Para ele, os blockbusters são um mal necessário para a manutenção do ecossistema audiovisual brasileiro:

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– Esses filmes afetam o mercado de maneira favorável, porque ajudam a manter a indústria jovem, sustentam produções menores e até a infraestrutura de cinema no país. Não temos que ir contra, e sim aprender com eles.

O crítico Rubens Ewald Filho também não acredita que os próximos cinco anos serão de trevas para a indústria cinematográfica brasileira. Aposta que a produção nacional pouco ou nada será afetada pela avalanche de super-heróis:

– Os filmes brasileiros não tiveram fôlego nem para cumprir as metas neste ano. Tivemos filmes até legais, mas que ninguém foi ver porque as pessoas só assistem às comédias.

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Para Ewald Filho, quem deve estar realmente preocupado são os estúdios responsáveis pelas produções de super-herói. O crítico aponta que a divulgação do calendário de filmes do gênero com tanta antecedência representa uma isca para atrair investidores:

– Há uma distância muito grande entre o que dizem que vão fazer e o que vai ser feito. Basta um deles fracassar, o que não é nada difícil, para voltarem atrás.

Crítica e observadora do mercado de cinema baseada em Los Angeles, Ana Maria Bahiana está entre os que preveem o colapso dos filmes de super-heróis para breve. Uma das razões é que cinco anos é um ciclo longo demais para a manutenção do interesse das plateias.

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– O público está mudando drasticamente em temos de idade e hábitos. Grandes filmes com ideias originais têm mais chance de continuar ocupando uma fatia importante do mercado, principalmente o internacional.