O ritmo acelerado da sociedade moderna gera impactos na vida das pessoas em vários aspectos e o emocional não fica de fora. Com a imposição das medidas de isolamento social devido à pandemia, as alterações de humor, os conflitos nos relacionamentos, as restrições financeiras e os sentimentos de medo e luto foram potencializados e isso contribuiu para o aumento na demanda pelo atendimento psicológico.
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— As dificuldades e a imprevisibilidade dos aspectos da vida tendem a aumentar o sofrimento das pessoas. Os problemas de ordem psicológica podem surgir ou se agravar diante da Covid-19 e se estenderem após a sua incidência — destaca o coordenador do curso de Psicologia da UniSociesc Blumenau, professor Henrique Felski.
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Dessa forma, as mudanças demandadas atualmente têm gerado bastante trabalho aos psicólogos, que tiveram também que reinventar sua forma de atendimento.
— Os desafios diários com o home office, a mudança de comportamento devido ao confinamento e as necessidades de medidas de autocuidado têm sido recorrentes no cotidiano dos psicólogos — explica a Coordenadora Regional Sul de Humanidades da Ânima Educação, doutora em Psicologia, Ivonete Steinbach Garcia.
Atendimento on-line se torna realidade
Por outro lado, o medo de contágio da Covid-19 e as dificuldades de deslocamento estimularam o atendimento psicológico on-line, num formato que já vinha sendo testado pelos profissionais da área, mas que foi imposto com mais celeridade, devido aos impactos da pandemia.
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— Os atendimentos on-line requerem cuidados especiais, seja na relação entre as pessoas e o profissional, ou até mesmo relacionados ao "ambiente", com questões como sigilo, por exemplo. Esse tipo de atendimento deve seguir o que está previsto no Código de Ética da profissão, exatamente como as consultas presenciais. Entendo que esse campo ainda tem muito espaço para crescer, podendo ser entendido como uma oportunidade para os profissionais da área — diz a professora Ivonete.
É importante ressaltar que, para realizar atendimento on-line, o psicólogo precisa estar devidamente cadastrado no Conselho Regional de Psicologia, além de possuir o cadastro no sistema E-psi do Conselho Federal de Psicologia.
Porém, cabe destacar que o acompanhamento psicológico não deve acontecer apenas nos momentos de crise. O trabalho do psicólogo, além de terapêutico para as questões mais conhecidas, como depressão, ansiedade, crises conjugais, estende-se também para reorientação profissional e organização do projeto de vida das pessoas.
— O bem estar psíquico depende do monitoramento e manutenção de ferramentas que sejam eficazes para o autoconhecimento e autocontrole no grande desafio que todos nós temos de adaptação às exigências do mundo externo. Podemos aproveitar esse momento, que vai passar, para focar na prevenção da saúde mental e não esperar o aparecimento de sintomas para então procurar ajuda — explica o coordenador dos cursos de Psicologia e Pedagogia da UniSociesc Joinville, o psicólogo Adilson Aviz.
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O que mudou no ensino da psicologia
Todas essas mudanças geradas pela pandemia interferem também na formação dos profissionais. Nos cursos de Psicologia da UniSociesc de Blumenau e Florianópolis, por exemplo, o trabalho dos docentes exigiu uma rápida adaptação aos recursos tecnológicos disponíveis para continuar a ministrar as aulas.
— Nossa instituição de ensino superior se adaptou rápido, de maneira que os nossos alunos não tiveram que ficar sem estudar. Os professores estão sendo orientados constantemente e recebem todo o suporte necessário para trabalhar nesse novo cenário, da melhor forma possível — conta a professora Ivonete.
Legado positivo para o ensino
Todo período de crise pode deixar também um legado positivo. Na educação, o reforço da possibilidade de se conectar remotamente com profissionais de diferentes regiões do mundo e o protagonismo do estudante em sua formação são as heranças desse momento. Como saldo positivo, pode-se destacar, ainda, o outro lado do processo de ensino-aprendizagem, que diz respeito ao estudante, no desenvolvimento de competências ao se adaptar rapidamente às mudanças do mundo e desenvolver um nível maior de autonomia, diante da ausência física do professor — acrescenta o professor Henrique.
Para o professor Adilson, o conhecimento adquirido na graduação será efetivo se for aplicado na resolução dos conflitos atuais, que apresentam demandas inéditas, como a condição atual de quarentena.
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— Se o curso oferecido for pensado com um plano de ensino que tenha uma matriz curricular capaz de trabalhar a apropriação da Psicologia como Ciência no percurso histórico, na prática de pesquisas e projetos, na relação teoria-prática em resoluções dos conflitos atuais, com certeza será uma ótima opção de formação — explica.