Integrantes da torcida organizada Gaviões Alvinegros, do Figueirense, e jovens portugueses eram recrutados para atuar como mulas para o tráfico internacional de drogas entre Santa Catarina e países da Europa.

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O grupo que estaria à frente dos aliciamentos foi alvo da Operação Curió, da Polícia Federal (PF), desencadeada na manhã de quinta-feira. Treze pessoas foram presas e quatro estão foragidas – duas em Florianópolis.

A investigação chegou ao que os policiais federais afirmam que se tornou uma praga na Grande Florianópolis: os jovens envolvidos com o tráfico de ecstasy, deslumbrados com o dinheiro fácil, a vida de carrões, baladas e mulheres.

Eles são recrutados pelo tráfico para atuar como mulas. Viajam à Europa levando cocaína e retornam com comprimidos de ecstasy nas bagagens.

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Agostinho Laus Neto, o Jogador, 37 anos, integrante da torcida organizada Gaviões Alvinegros, é apontado pela PF como um dos líderes da quadrilha que aliciava jovens, entre eles alguns do próprio grupo de torcedores. A polícia o prendeu no apartamento em que mora, no Bairro Kobrasol, em São José.

– No começo, ele foi mula, viajou quatro vezes à Europa. Depois, passou a recrutar as mulas e liderar o grupo. Só que nos últimos tempos fizemos sete apreensões das drogas. Em cinco delas ele estava envolvido e então se quebrou financeiramente – disse o delegado Gustavo Trevisan, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da PF, e que nos últimos anos se tornou especialista em prender jovens envolvidos com esse tipo de tráfico internacional.

O que chamou a atenção da PF nesse caso foi que os investigados estavam fazendo um consórcio para recrutar quatro a cinco mulas. O número maior servia para que, em caso de apreensão, outras continuassem a fazer o transporte e a perda financeira fosse menor.

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Outra cena incomum era o aliciamento de estrangeiros, principalmente portugueses, para transportar a droga até Santa Catarina.

A operação foi batizada de Curió porque a ave seria presa fácil do Gavião, o nome da torcida organizada. Também porque os alvos seriam falantes e pela ave ser nativa.

Embora os jovens tenham sido atraídos pelo lucro fácil, estão sujeitos a penas pesadas. São até 25 anos de prisão por tráfico e 16 por associação ao tráfico.

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O DC não teve acesso aos presos nem aos seus advogados.

Três moradores de SC foragidos no Exterior

Nas investigações da Polícia Federal por tráfico internacional de ecstasy, três moradores de Santa Catarina aparecem como foragidos no exterior. Eles estão com mandados de prisão decretados e podem ser presos assim que tentarem embarcar em voo internacional.

Dois são catarinenses. O terceiro, Carlos Eduardo Gonçalves Monteiro, nasceu em Brasília, mas morava em Florianópolis. Estariam em Amsterdã, na Holanda.

Um deles – que não teve o nome divulgado pela PF porque ainda não figura no site da Interpol – é um surfista morador do Campeche, Sul da Ilha, e considerado playboy do crime pelo modo de vida que levava na Capital.

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O outros foragido, de acordo com a PF, é Eder Ignacio Coelho, de Florianópolis. Eder seria fornecedor de drogas para o Brasil aos mulas que levam cocaína à Europa e é procurado há um ano pela polícia.

Eles atuariam de forma associada aos residentes na Europa. A Curió foi a segunda operação da PF no Estado em oito dias. No final de novembro, na Operação Garnaal, dois irmãos da Capital foram presos – um deles apelidado de camarão, a tradução do termo holandês Garnaal.

A proliferação desse tipo de crime revela o intenso consumo do ecstasy em Florianópolis e também a ineficiência da fiscalização das bagagens nos aeroportos brasileiros e estrangeiros.

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A PF afirma que as operações fizeram cair esse tipo de tráfico no Estado, e que apenas na Curió as apreensões evitaram que mais de 400 mil doses de drogas (ecstasy ou LSD) fossem comercializadas no Brasil.

SC X Europa

Como era a rota do tráfico internacional

Em Santa Catarina

Uma pessoa recebia a cocaína e a ocultava em malas.

O transporte nos aeroportos

As malas contendo cocaína eram entregues às “mulas”, que eram transportadas a São Paulo ou Rio de Janeiro, onde embarcavam para a Europa.

Cada mula geralmente levava duas malas e uma frasqueira, totalizando três quilos de cocaína em cada viagem.

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Os destinos

As “mulas” viajavam para a Europa e entregavam a cocaína a traficantes brasileiros que vivem na Holanda.

Os traficantes trocavam a cocaína por comprimidos de ecstasy e pontos de LSD, escondendo os produtos em outras malas.

As “mulas” retornavam ao Brasil com estas malas para receberem seu pagamento – cerca de R$ 20 mil.

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A Operação Curió

Em 10 meses, sete apreensões de entorpecentes e prisão em flagrante de sete pessoas.

Drogas apreendidas

Ecstasy – 121.088 comprimidos.

Cocaína – 6 Kg.

Skunk – 7,5 Kg.

Haxixe – 1,8 Kg.

13 pessoas presas

11 em Florianópolis e região

2 em São Paulo

100 policiais federais mobilizados

17 Policiais militares mobilizados

17 mandados de busca e apreensão cumpridos em:

Florianópolis (Ingleses, Campeche, Barra da Lagoa, Monte Verde, Capoeiras, Coqueiros e Estreito)

São José

Palhoça

São Paulo

Fonte: Polícia Federal

Vídeo da PF mostra flagrantes em aeroportos de São Paulo: