A previsão divulgada esta semana de que o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), deve permanecer fechado até setembro por conta dos estragos sofridos com os alagamentos durante a catástrofe climática que atingiu o estado gaúcho mexe também com a infraestrutura de transporte aéreo em Santa Catarina.

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Uma malha aérea emergencial foi anunciada no início da semana com cinco aeroportos regionais do Rio Grande do Sul e dois terminais de Santa Catarina (Florianópolis e Jaguaruna, no Sul do Estado) destinados a receber voos para o Rio Grande do Sul, enquanto a estrutura de Porto Alegre segue interditada. Esses terminais já vêm recebendo voos extras e aumento de passageiros desde o fechamento do Aeroporto Salgado Filho, após a água tomar conta da pista e do terminal de passageiros.

O Aeroporto de Florianópolis informou que registra um aumento de 17% no movimento de passageiros no período em que o terminal de Porto Alegre está fechado. A Zurich Airport, concessionária que administra a estrutura, disse que o espaço está preparado para atender aos voos extras planejados pelas companhias, o que não deve exigir obras ou adequações do terminal para atender à demanda extra.

Entre os aeroportos administrados pelo Estado, o que recebe maior impacto é o de Jaguaruna, no Sul do Estado, o mais próximo territorialmente do Rio Grande do Sul. O terminal teve aumento de 43% no número de passageiros nos primeiros 14 dias de maio, em comparação com o mesmo período de abril.

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Na semana passada, o Estado já havia informado que a companhia Latam havia aumentado os voos diários na rota Guarulhos-Jaguaruna. Já a Azul utilizou até o dia 15 deste mês uma aeronave com capacidade para 174 passageiros, em vez do avião para 70 pessoas utilizado habitualmente na rota até Jaguaruna. A estratégia visou justamente contemplar mais passageiros que precisavam viajar para o terminal do Sul de SC.

O Estado informou que está em contato com as companhias aéreas para saber quais serão as estratégias das empresas nos próximos meses e poder definir o planejamento para o período em que o aeroporto de Porto Alegre permanecerá fechado. As primeiras medidas das aéreas foram anunciadas para durar até 31 de maio.

Por meio de uma parceria com o Estado, o terminal de Jaguaruna também recebe cargas de doações ao estado gaúcho, que depois seguem por via terrestre para as cidades atingidas.

Chapecó, Joinville e Navegantes

Nos outros aeroportos de Santa Catarina, os reflexos do fechamento do terminal de Porto Alegre ainda são pequenos, segundo as empresas que administram os espaços. No aeroporto de Chapecó, a concessionária Voe Xap informou em nota que não houve aumento no número de passageiros nas últimas semanas e nem novas solicitações de voos por parte das companhias aéreas. As operações já programadas seguem ocorrendo normalmente.

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A administradora também reforça que o terminal faz parte da malha aérea emergencial para atender necessidades do Rio Grande do Sul. “Embora não haja aumento imediato na quantidade de voos, haverá ampliação da capacidade das aeronaves a serem recebidas, a exemplo do Boeing 737-8 MAX, que acomoda até 186 passageiros”, detalha a empresa.

Os aeroportos de Joinville e Navegantes informaram à reportagem que não tiveram aumento no fluxo de passageiros nos voos comerciais em razão do fechamento do aeroporto de Porto Alegre. Os terminais também não fazem parte da malha emergencial definida pelo governo.

Em Navegantes, houve apenas um acréscimo de 10% nas últimas duas semanas nas paradas técnicas e de abastecimento de aeronaves de pequeno porte, em geral destinadas ao envio de donativos e ajuda humanitárias a cidades do Rio Grande do Sul atingidas pelas chuvas.

A CCR Aeroportos, concessionária que administra os dois terminais, afirma que as estruturas estão preparadas caso haja necessidade de incorporar voos comerciais extras para o Estado vizinho.

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Companhias aéreas alteram rotas

O fechamento do aeroporto de Porto Alegre forçou mudanças também no planejamento das companhias aéreas. Voos extras, novas rotas e uso de aeronaves maiores para os aeroportos do Sul estão entre as ações adotadas para se adequar à situação do transporte aéreo no Rio Grande do Sul.

A Azul informou em nota à reportagem que oferece atualmente 150 voos extras para aeroportos do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina para atender à demanda de passageiros resultante da interrupção no funcionamento do Aeroporto Salgado Filho.

Em junho, a companhia pretende ter 110 operações extras, fruto da reorganização de aeronaves durante o período de fechamento do aeroporto de Porto Alegre. Florianópolis será a quarta cidade que mais receberá essas novas rotas, com 10 voos adicionais.

A Gol informou que adicionou 122 novas operações para aeroportos do Sul entre 14 e 30 de maio. As rotas com incremento foram São Paulo-Florianópolis, Rio de Janeiro-Florianópolis, São Paulo-Caxias do Sul e São Paulo-Passo Fundo. A companhia disse monitorar a situação para ajustar os planos de operação aérea para o Sul conforme necessário.

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A Latam informou que adicionou dois voos diários na rota Guarulhos-Florianópolis e um voo diário na linha Guarulhos-Jaguaruna. A companhia teve aumento de 23% no número de passageiros nessas linhas na última semana.

“Mesmo com as rotas alternativas, a LATAM ressalta que o crescimento nos aeroportos alternativos não compensa a queda no número de passageiros em Porto Alegre, que registrou uma redução de aproximadamente 75% em comparação com a semana anterior”, reforçou a companhia, em nota.

Até o fim do mês, a Latam deve ter 126 voos extras entre São Paulo e os aeroportos de Jaguaruna, Florianópolis e Caxias do Sul (RS), os locais escolhidos para atender o público que precisa se dirigir à região metropolitana de Porto Alegre.

As três companhias oferecem em seus canais de contato com clientes opções de remarcação de voos para passageiros que tinham viagem prevista para o aeroporto de Porto Alegre.

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Veja fotos de como ficou o aeroporto de Porto Alegre

Malha aérea emergencial

Confira a malha aérea emergencial anunciada nesta semana pelo Ministério de Portos e Aeroportos, e a quantidade de voos previstos nesta primeira fase:

  • Aeroporto de Caxias do Sul (RS) | 25 voos semanais
  • Aeroporto de Santo Ângelo (RS) | 2 voos semanais
  • Aeroporto de Passo Fundo (RS) | 16 voos semanais
  • Aeroporto de Pelotas (RS) | 5 voos semanais
  • Aeroporto de Santa Maria (RS) | 2 voos semanais
  • Aeroporto de Uruguaiana (RS) | 3 voos semanais
  • Base aérea de Canoas (RS) | 35 voos semanais
  • Aeroporto de Florianópolis (SC) | 21 voos semanais
  • Aeroporto de Jaguaruna (SC) | 7 voos semanais
  • Aeroporto de Chapecó (SC) | aumento de capacidade da aeronave

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