A pandemia do novo coronavírus fez com que muitos lares se adequassem ao isolamento social. E essa transformação de ambientes teve que ser quase instantânea: o que antes era lugar de lazer em família virou também espaço para convivência escolar e profissional. E especialistas confirmam que o tempo a mais que as pessoas estão passando em casa fez com que elas mudassem a forma de enxergar o local onde vivem.

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O psicólogo Guilherme Ebert, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, diz que a nossa percepção do lar pode variar conforme o humor e interpretação. Ele lembra que algumas pessoas podem se sentir presas, mas que também há quem se sinta mais seguro durante o isolamento.

— Existe essa variação na percepção. A intensidade de tempo que estamos em casa nos faz perceber alguns detalhes que antes não víamos. Isso pode fazer com que gostemos mais ou menos do ambiente — afirma Ebert.

E nesse momento sem precedentes, o tema saúde mental entrou em pauta no planeta inteiro. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os índices de ansiedade e depressão aumentaram consideravelmente desde o começo da pandemia de Covid-19. A estimativa é de que 284 milhões e 265 milhões de pessoas no mundo estejam sofrendo com essas doenças, respectivamente.

— Transtornos de humor como depressão e ansiedade são os principais. Mas também pode haver expressão de sintomas destes transtornos como angústia, stress, fobias e sentimentos de vazio, entre outros — completa Ebert.

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Ambiente agradável proporciona conforto psicológico e influencia no estado emocional
Ambiente agradável proporciona conforto psicológico e influencia no estado emocional (Foto: Freepik)

Para suavizar o stress

Viver em um ambiente agradável causa uma sensação de conforto psicológico que influencia muito no estado emocional do ser humano. O que pode explicar a variação já sentida pelo mercado mobiliário na procura dos clientes.

O arquiteto Milton Bordin, especialista no comércio de móveis de luxo, diz que esse tempo adicional que as pessoas têm passado em suas casas as fez perceber as múltiplas utilidades dos ambientes.

— Com certeza absoluta, esse tempo a mais dentro de casa interferiu sim na percepção dos designs e também na avaliação do espaço a ser utilizado. O que antes era uma mesa de jantar, hoje virou uma mesa de trabalho ou de aulas online para quem não tem um home office em casa — lembra.

Ele diz ainda que além dos espaços, também mudamos a forma como olhamos para os móveis e objetos que nos cercam em casa, buscando conforto físico e mental.

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— A percepção do design se intensificou no uso, porque o design contempla hoje não só a estética, mas a ergonomia. E também na beleza e na harmonia das peças, porque cada vez mais pessoas começaram a perceber o bom design como uma peça de arte. É como quando você para em frente a um quadro e vê detalhes que antes não observava.

Entre os espaços das casas e apartamentos, os de convivência mais longa, como a sala de estar, são apontados como os que ganharam mais importância durante a pandemia. E o móvel que reina absoluto é o sofá.

— As pessoas se acostumaram a ficar mais em frente à televisão, no sofá. Mas também se percebeu uma procura grande por balanços para áreas internas, por exemplo. É uma outra forma de se divertir e interagir com espaços restritos — diz Bordin.

O fato é que o desafio de permanecer dentro de casa é diferente para cada um. Quem vive sozinho pode sentir a falta dos familiares, já quem divide o lar pode precisar justamente do contrário, de um tempo sem ninguém por perto.

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— Se por um momento há a necessidade de multifuncionalidade dos espaços, por outro momento há a necessidade do isolamento do pai ou da mãe para seus afazeres. A gente percebe que há um pouco essa preocupação de criar multifuncionalidade, mas ao mesmo tempo cada um quer ter preservado seu espaço. Por isso que cresceu muito a venda de cadeiras de escritório — completa Bordin.

Para suavizar o stress que essas situações podem causar, é importante que primeiro se descubra qual o fator do isolamento que está incomodando mais. Por exemplo, se é estar em casa o tempo todo ou se é estar afastado fisicamente das pessoas.

— Se for incômodo de estar em casa, pode se fazer exercícios físicos, meditação e leitura. Coisas que distraiam e exigem atenção. Se o problema for com o fato de não encontrar pessoas, a solução pode ser buscar mais em contato com as pessoas queridas e tentar se sentir mais próximo delas de alguma forma — finaliza Ebert.

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Esse projeto é uma realização da Itapema e conta com o oferecimento dos parceiros Bellacatarina, Grupo Geração, Formacco Cezarium, Unicred, Decanter, Casas da Água e Midea.

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