Você está se exercitando mais ou menos desde o início da pandemia do coronavírus?
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De acordo com um novo estudo que analisou a prática de atividade física na Grã-Bretanha, a maioria de nós – não surpreendentemente – tem sido menos fisicamente ativa desde que a pandemia, com seus bloqueios e quarentenas, começou. Algumas pessoas, entretanto, parecem estar se exercitando tanto quanto antes ou até mais, e, surpreendentemente, uma grande porcentagem dessas pessoas tem mais de 65 anos.
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Os resultados ainda não foram revisados por pares, mas se somam a um crescente conjunto de provas encontradas em todo o mundo de que o coronavírus está refazendo a forma como nos movimentamos, embora não necessariamente da maneira como poderíamos ter previsto.
Os bloqueios da pandemia e outras medidas de contenção implantadas durante os últimos seis meses alteraram quase todos os aspectos de nossa vida, afetando o trabalho, a família, a educação, o humor, as expectativas, as interações sociais e a saúde.
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Nenhum de nós deve se surpreender, portanto, ao ver que a pandemia também parece estar transformando como e quando nos exercitamos. A natureza dessas mudanças, contudo, permanece um tanto confusa e mutável, de acordo com vários estudos recentes. Em um deles, os pesquisadores relatam que, durante as primeiras semanas depois do início do bloqueio nos Estados Unidos e em outras nações, as pesquisas do Google relacionadas à palavra “exercício” aumentaram e permaneceram elevadas por meses.
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E muitas pessoas parecem ter usado as informações dessas pesquisas para se exercitar mais. Uma pesquisa on-line conduzida em 139 países pela RunRepeat, empresa que analisa calçados de corrida, descobriu que a maioria das pessoas que se exercitavam antes do início da crise de saúde relatou ter se exercitado com mais frequência nas semanas seguintes. Uma pesquisa separada com quase 1.500 adultos japoneses mais velhos descobriu que a maioria deles disse ter ficado bastante inativa nas primeiras semanas do confinamento, mas, em junho, estavam andando e se exercitando tanto quanto antes.
Por outro lado, um estudo mais sombrio realizado em junho, usando dados anônimos de mais de 450 mil usuários de um aplicativo de smartphone de contagem de passos, concluiu que, em todo o mundo, o número de passos diminuiu substancialmente depois que os bloqueios começaram. A média de passos diários diminuiu cerca de cinco e meio por cento durante os primeiros dez dias do bloqueio e cerca de 27 por cento no fim do primeiro mês.
Mas a maioria desses estudos e pesquisas se baseou na memória que as pessoas tinham dos seus hábitos de exercício, que pode não ser confiável, ou analisou resultados agregados, sem tecer diferenças por idade, grupo socioeconômico, gênero e outros fatores, o que pode revelar variações significativas na forma como os hábitos de exercício das pessoas podem ter mudado durante a pandemia.
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Assim, para o novo estudo, que foi postado em um site de biologia enquanto espera a revisão por pares, pesquisadores do Colégio Universitário de Londres recorreram aos dados de um aplicativo de smartphone gratuito para rastreamento de atividades disponível na Grã-Bretanha e em alguns outros países. O aplicativo usa o GPS e tecnologias semelhantes para rastrear quantos minutos a pessoa caminhou, correu ou andou de bicicleta, e permite que o usuário acumule pontos de exercícios que podem ser trocados por recompensas em dinheiro ou por outros itens. (Um dos autores do estudo trabalha para o criador do aplicativo, mas a empresa não forneceu informações sobre o resultado ou a análise da pesquisa, de acordo com os outros autores do estudo.)
Os pesquisadores reuniram dados anônimos de 5.395 usuários de aplicativos que vivem na Grã-Bretanha e que vão desde adolescentes até adultos de idade mais avançada. Todos usavam o aplicativo pelo menos desde janeiro, antes que a pandemia se espalhasse pelo país.
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Os pesquisadores usaram os dados do aplicativo sobre a data de nascimento e o CEP dos usuários para dividir as pessoas por idade e local e, assim, saber quanto se exercitaram em janeiro. Em seguida, começaram a comparar, inicialmente com os primeiros dias de distanciamento social em várias partes da Grã-Bretanha, depois com os bloqueios mais rígidos que se seguiram e, finalmente, com as datas no meio do verão boreal, quando a maioria dos bloqueios do país diminuiu.
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Eles descobriram, sem surpresa, que os hábitos de exercício de quase todas as pessoas mudaram quando a pandemia começou. Uma esmagadora maioria fez menos exercício, especialmente depois que os bloqueios completos começaram – independentemente do gênero ou da condição socioeconômica. A queda foi mais acentuada entre as pessoas mais ativas antes da pandemia e entre as pessoas com menos de 40 anos (que nem sempre eram as mesmas).
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Depois que os bloqueios foram suspensos ou relaxados, a maioria das pessoas começou a se movimentar com um pouco mais de frequência, mas, no geral, apenas aquelas com mais de 65 anos voltaram a se exercitar da mesma maneira ou se exercitaram por mais tempo do que antes.
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Os resultados são surpreendentes, comentou Abi Fisher, professora associada de Atividade Física e Saúde no Colégio Universitário de Londres, que supervisionou o novo estudo, “especialmente porque 50 por cento do grupo mais sênior tinha 70 anos ou mais”.
É óbvio que essas pessoas mais velhas, como os outros homens e mulheres no estudo, baixaram e usaram um aplicativo de exercícios, o que os distingue da grande maioria das pessoas ao redor do mundo que não usa esses aplicativos. O estudo também analisou apenas exercícios “formais”, como caminhar, correr ou andar de bicicleta, e não atividades mais leves, como passear ou fazer jardinagem, que podem beneficiar a saúde e que provavelmente também mudaram durante a pandemia.
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E o estudo não nos diz nada sobre a razão pela qual os hábitos de exercício diferiram para as pessoas durante a pandemia, embora alguma mistura de circunstâncias e psicologia possa muito provavelmente ser um fator. As pessoas mais velhas certamente tiveram mais tempo livre para se exercitar do que os adultos mais jovens que estão lidando com os filhos, o trabalho e outras responsabilidades durante a pandemia, observou Fisher. Também podem ter desenvolvido maiores preocupações com o sistema imunológico e a saúde em geral, motivando-se a se levantar e se mexer.
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Segundo ela, é preciso que haja muito mais pesquisas em larga escala e de longo prazo sobre os hábitos de exercício durante a pandemia. Mas, por enquanto, a mensagem da pesquisa disponível parece ser que todos nós queremos monitorar quanto estamos nos mexendo para ajudar a garantir que estamos nos exercitando suficientemente.