Se as instalações da Döhler, de Joinville, remontam a uma indústria têxtil dos anos de 1970, lá dentro o tempo não parou. Uma série de transformações no processo produtivo e no negócio da centenária companhia garantiu a sua sobrevivência em um setor que viu muitas empresas quebrarem com a abertura do mercado, crises globais e a concorrência chinesa.

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Confira as imagens da produção

O presidente da companhia e prefeito de Joinville, Udo Döhler, reconhece que a operação passou por momentos difíceis. E foram justamente as decisões tomadas em meio à crise o seu maior trunfo.

Quando os produtos chineses invadiram o Brasil com preços até 40% mais baixos, a empresa resistiu à tentação de simplesmente importar os artigos asiáticos e trocar a etiqueta, como muitos fizeram.

– Percebemos que esta saída não tinha sustentação no longo prazo porque, com o tempo, os chineses não precisariam mais de intermediários para atuar no mercado brasileiro. Optamos por fortalecer a nossa marca – explica.

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Para isso, a Döhler investiu em coisas que não seriam tão facilmente alcançadas por quem está do outro lado do mundo. A primeira delas foi o serviço. A reposição de qualquer produto deve acontecer em 72 horas.

A empresa também apostou em nichos de mercado. Ao agregar valor aos artigos tradicionais, a Döhler escapou da concorrência direta por preço, uma disputa na qual teria poucas chances de vencer. Outra medida foi a ampliação de produtos para a classe média.

– Enxergamos com antecedência a maior distribuição de renda no País – afirma Udo.

Deu certo. Atualmente, a companhia é uma das mais importantes fabricantes de artigos de cama, mesa, banho e decoração do País. Depois da crise de 2008, vem crescendo de 10% a 15% ao ano, à exceção de 2014.

No recém-divulgado levantamento Melhores e Maiores da revista Exame, ela aparece em segundo lugar na lista das empresas que crescem mais rápido em Santa Catarina e em 12º lugar no ranking nacional.

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A Döhler é uma das empresas mais diversificadas do seu setor. Trabalha com tecidos planos, felpudos e malhas. E tem um público eclético, atendendo a grandes redes hoteleiras, serviço hospitalar, indústria calçadista e fabricante de colchões, sem esquecer o consumidor individual.

A indústria joinvilense especializou-se em tecidos para persianas e lidera o mercado nacional em tecidos para bordado. Sim, muita gente ainda ganha a vida bordando toalhas a mão.

VÍDEO: um passeio por dentro da fábrica