A falência do banco americano Silicon Valley Bank (SVB), que é a maior do setor desde 2008, tem gerado preocupação global, especialmente em países com economias muito ligadas aos Estados Unidos, como é o caso do Brasil. Uma eventual crise financeira também afeta diretamente Santa Catarina, impactando nas exportações.

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O primeiro impacto é sobre a taxa de câmbio: uma crise nos Estados Unidos aumenta a aversão ao risco dos investidores, que tendem a sair do Brasil e buscar mercados mais sólidos, como explica o economista-chefe da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Pablo Bittencourt. Dólar alto, pode gerar mais inflação.

Além disso, o setor produtivo também é afetado: em um cenário de crise, a renda dos americanos deve cair, e isso impacta diretamente as exportações. Em 2022, a maior parte dos embarques catarinenses foi para os Estados Unidos, gerando uma receita de R$ 2,15 bilhões. Só em janeiro e fevereiro de 2023, Santa Catarina arrecadou R$ 249,98 milhões com as vendas para o país.

Em meio a preocupação dos mercados globais, o Federal Reserve, Banco Central dos EUA, iniciou uma intervenção sobre o SVB para proteger os clientes e evitar respingos em outros bancos, o que alivia a expectativa de uma eventual crise bancária.

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Crise nos EUA acende alerta sobre taxa de juros

A raiz da dificuldade do Silicon Valley Bank é a elevação da taxa de juros dos EUA, que está em série de alta para conter a inflação, como é o caso do Brasil. Os clientes do SVB eram principalmente startups que começaram a ter problemas em meio a queda de todo o setor de tecnologia, por conta da economia desaquecida, como explica o economista Pablo Bittencourt.

— Tivemos o caso das Lojas Americanas aqui, o que já fez os bancos que emprestam dinheiro no país começarem a restringir a oferta de recursos […] As possibilidades de uma crise financeira, que estão normalmente ligadas a uma taxa de juros maior, aumentam a probabilidade de uma eventual queda de juros no Brasil. Ou seja, maiores as chances de termos uma política monetária mais pró-estabilidade do sistema financeiro e pró-geração de atividade econômica, do que voltadas à contenção de inflação — explica.

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Entenda a crise do SVB

O Silicon Valley Bank recebeu grande volume de depósitos com o boom das startups entre 2020 e 2022. Depois que o mercado de techs teve uma queda, o banco começou a comprar títulos de dívida dos Estados Unidos, como maneira de se proteger do risco que as empresas de tecnologia estavam revelando. No entanto, a taxa de juros nos EUA começou a subir muito rápido por conta da inflação.

A carteira do SVB estava muito concentrada nos títulos pré-fixados, cujos preços caem quando os juros sobem, chamado de “marcação a mercado” no vocabulário financeiro. Isso deixou o banco com menos ativos e menor liquidez, ou seja, menos capacidade de fazer seus pagamentos imediatamente.

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Essa sinalização de menor liquidez do banco, gerou desconfiança sobre a capacidade de pagamento, fazendo com que os depositários fossem sacar seus recursos. Somente na sexta-feira (10) foram 40 bilhões de dólares de saques. Como consequência, o banco decretou falência e foi fechado por autoridades americanas.

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