Comprar pela internet, valorizar o comércio local, pensar duas vezes antes de comprar: atitudes que já fazem parte do dia a dia dos consumidores e que ficaram ainda mais fortes durante a pandemia do coronavírus. Elas representam uma necessidade de reinvenção por parte do setor econômico. O segredo para se reinventar parece estar na criatividade, ou seja, na capacidade de encontrar novos caminhos para crescer. Os especialistas da Unisul já estão notando algumas mudanças de comportamento em sala de aula e têm uma ideia do que pode nos aguardar no futuro.

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Um cenário criativo e colaborativo

O ser humano como principal agente da economia, por meio da criatividade e do conhecimento: essa é a base da Economia Criativa, setor que vem se destacando como uma excelente oportunidade para o novo cenário ao qual estamos caminhando. Segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, pertencem à Economia Criativa as seguintes atividades: expressões culturais tradicionais, artes visuais, publicidade, mídia impressa, audiovisual, design, games, novas mídias e arquitetura.

— Por comportar todas essas áreas do conhecimento, a universidade, especialmente a UNISUL, é um celeiro natural para a Economia Criativa. Os cursos superiores ligados aos setores criativos vêm atraindo cada vez mais estudantes e formando a maior parte dos profissionais que atuam no setor de qualificação da mão de obra — aponta o Coordenador do curso de Design da Unisul, Ricardo Straioto.

Além da criatividade, os processos colaborativos estarão cada vez mais presentes no mercado de trabalho e devem começar a ser explorados desde a sala de aula, por meio de metodologias que ativem a proatividade e a capacidade do estudante de trabalhar em grupos multidisciplinares. Assim, serão formados profissionais mais completos e preparados para o novo cenário do mundo do trabalho.

— A criatividade é necessária para inventarmos novos comportamentos que sejam viáveis e sustentáveis e garantam a valorização dos patrimônios materiais e imateriais. Nessa transição para um modelo sustentável de produção e consumo, as atividades ligadas à produção de conhecimento, inovação e criatividade aplicada serão cada vez mais requisitadas — afirma Straioto.

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Valor material substituído pelo valor afetivo

Essa troca na definição do que é um objeto “de valor” já estava tomando forma, antes mesmo da pandemia. A tendência, agora, é que o consumo aconteça muito mais com base na relevância do produto e na relação de afeto da marca com o consumidor.

— O consumidor quer se sentir parte, então ele consome uma marca ou um produto que tem um certo afeto. Por exemplo, a marca Disney: as pessoas sentem carinho, amor por essa marca. Quando uma marca preza por conquistar isso, o consumidor não esquece, faz a diferença — afirma o professor das graduações em Jornalismo e Publicidade e Propaganda e do mestrado em Ciências da Linguagem da Unisul, Mario Abel Bressan Júnior.

Um dos setores que pode despontar como um dos mais promissores nesse sentido é o turismo, já que os locais que exaltam a sua cultura e as suas tradições serão mais valorizados.

— Podemos considerar Florianópolis, que faz parte da Rede Mundial de Cidades Criativas da Unesco na categoria Gastronomia, propiciando experiências culinárias únicas para moradores e turistas. Os grandes murais nos prédios do Centro, representando figuras históricas da cidade, são um exemplo de materialidade do patrimônio imaterial da cultura local. Os murais do Franklin Cascaes e da deputada Antonieta de Barros são produções culturais que contaram com a participação de um egresso do curso de Design da Unisul — explica o Coordenador do curso de Design da Unisul, Ricardo Straioto.

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Se a motivação para consumir está mudando, é natural que a motivação dos profissionais que iniciam a graduação e entram para o mercado de trabalho também seja diferente.

> Como fica o mundo do trabalho pós-pandemia?

— O consumo está cada vez mais consciente. Há 15 anos, o interesse no curso de Moda era para conseguir um trabalho em uma grande empresa. Hoje, eles querem inovar, fazer diferente, empreender. A moda viveu do consumo excessivo por décadas, agora as pessoas estão repensando seus ideais, cuidando mais da alma, do corpo, da natureza. A moda não é vestuário, é comportamento. Estudos de tendências apontam que as pessoas estão vivendo mais o presente, se alimentando melhor, e esse comportamento se reflete no consumo — destaca a Coordenadora do curso de Moda da Unisul, Adriana De Luca Canto.

O sentimento de proximidade na hora de consumir não se limita à questão afetiva, o sentido literal da palavra também é um ponto importante a ser considerado.

— O novo consumidor pensa mais antes de fazer compras e está mais ligado às relações de consumo consciente. Já estamos percebendo o fortalecimento do mercado local, as compras no mercadinho e na feira mais próxima, em vez de ir nos grandes aglomerados. É uma oportunidade para o pequeno empreendedor, e também para o consumidor fugir das aglomerações — explica a Coordenadora do iLab – Laboratório de Inovação da Unisul, Carolina Rubin.

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E, se o pequeno muda, os grandes precisam ficar de olho. As transformações na economia local também afetam a economia mundial e os novos profissionais de Relações Internacionais.

— A história nos mostra que as pandemias trouxeram mudanças significativas. O quase desaparecimento das viagens de trabalho e de turismo, a redução drástica do comércio, a paralisia da produção e a redução do consumo tornam incerto o futuro da globalização e da relação de interdependência entre os Estados. O profissional de Relações Internacionais precisa se manter atento e acompanhar os desdobramentos em diversas áreas. A capacidade de interpretação dos acontecimentos domésticos e internacionais será fundamental para exercer qualquer profissão — afirma a Coordenadora do curso de Relações Internacionais da Unisul, Silvia Back.

É preciso ressignificar. Não existe uma fórmula de sucesso pronta para os negócios e para as profissões, mas a criatividade, a afetividade e os processos colaborativos estarão em foco. Ao vender, o valor oferecido precisará ir muito além do material, já que o questionamento do novo consumidor será: que diferença esse produto ou marca vai fazer na minha vida? Encontrar essa relevância será a chave para se manter vivo na economia do futuro.

Para ler mais sobre o que esperar do futuro, acesse o canal Mundo Pós-Pandemia e informe-se.

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