Em sua primeira visita ao Corpo de Bombeiros de Santa Maria, nesta sexta-feira, a comitiva formada por nove deputados federais não obteve todas as respostas que esperava. A Comissão Externa da Câmara dos Deputados, liderada por Paulo Pimenta, foi criada especialmente para acompanhar os desdobramentos da tragédia na boate Kiss, que ocorreu em 27 de janeiro e deixou 239 mortos.
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Em um primeiro momento da reunião, que começou por volta das 10h, o chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional do Corpo de Bombeiros, major Gerson Pereira, contou como foi o trabalho dos bombeiros no combate ao incêndio e resgate às vítimas da tragédia. Conforme o major, após o chamado, os bombeiros levaram cerca de 7 minutos para chegar ao local. A equipe deslocada para a boate contava com cinco bombeiros e outros cinco servidores que ainda não completaram o curso. Pereira foi enfático que o principal problema enfrentado foi o acesso ao local.
_ Ninguém no mundo está preparado para uma situação como esta. Tivemos que retirar os corpos para conseguir entrar na boate. A queima da espuma tóxica fez com que as pessoas desmaiassem antes de conseguir sair e acabaram obstruindo a passagem _ disse Pereira.
O major Ricardo Vallejos França, comandante do 5º Comando Regional de Bombeiros, em Caxias do Sul, apresentou um vídeo institucional e defendeu o Sistema Integrado de Gestão de Prevenção de Incêndio (Sigpi), que teve sua eficácia contestada por especialistas.
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Segundo França, o cadastro eletrônico serve para agilizar o processo administrativo e supre as deficiências encontradas no cadastro convencional. O major explicou que, ao contrário do que vem sendo divulgado, o Plano de Prevenção e Contra Incêndio não é um documento isolado e sim um conjunto de documentos que compõem o plano como um todo. Ao mostrar uma pilha de papeis, França foi enfático ao afirmar que, se depois de fiscalizado, o local sofrer qualquer tipo de alteração, todos aqueles documentos perderiam a validade.
_ Fraude técnica é não fazer como deve ser feito. Papel não salva vidas _ opinou França.
Por volta do meio-dia, a comitiva deixou o local com a promessa de que, em uma próxima reunião, o cadastro eletrônico referente à boate seria mostrado. O grupo, que foi criado com intenção de propor mudanças na legislação de prevenção a incêndios e na concessão de alvarás para casas noturnas, dependerá de novos encontros para entender algumas questões ainda sem respostas.

