A 131ª sessão do Comitê Olímpico Internacional (COI) aprovou nesta quarta-feira (13) em Lima, no Peru, a dupla atribuição das sedes dos Jogos Olímpicos para Paris, em 2024, e Los Angeles, em 2028, pela primeira vez na história.

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O acordo foi selado em voto aberto pelos delegados do COI, em meio à gritaria das duas delegações. “Paris! Paris!”, gritava a delegação liderada por Denis Masseglia, presidente do Comitê Olímpico Nacional e Esportivo da França.

Os prefeitos de Paris, Anne Hidalgo, e Los Angeles, Eric Garcetti, escoltaram o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, ao momento do anúncio, que pecou pela falta de suspense, já que a atribuição das sedes havia sido definida não oficialmente em julho.

A capital francesa ressaltou seu espírito de diversidade e inclusão, onde convivem pessoas de distintas crenças, etnias e ideologias, para sediar os Jogos. Los Angeles, “cool” e com alguns de seus delegados usando trajes mais informais, se mostraram ao mundo “como são” para serem os anfitriões do evento em 2028.

Paris quer celebrar em 2024 o centenário de sua segunda olimpíada, um caminho que começou em 1900, enquanto Los Angeles sediou as edições de 1932 e 1984.

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Inclusão

Antes da apresentação diante dos membros, a candidatura de Paris se concentrou na inclusão e na diversidade como os pilares para a edição de 2024.

Em árabe, inglês, alemão, francês e espanhol, os membros da delegação francesa ressaltaram esses valores. O tricampeão olímpico Tony Estanguet foi o responsável para resumir a ideia: “Paris 2024 está concebida para compartilhar”.

Após a votação, o presidente francês Emmanuel Macron comentou que a nomeação da capital como sede “é um reconhecimento formidável e uma vitória da França”.

Para celebrar a nomeação, Paris revelou os cinco anéis olímpicos em Trocadero, que fica em frente à Torre Eiffel, onde ex-atletas franceses como o judoca Thierry Rey e o nadador Alain Bernard se reuniram.

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O que somos

— O que vocês veem é o que somos — comentou Casey Wasserman, chefe do comitê de Los Angeles, ao subir ao palco para apresentar a candidatura americana.

Após a votação, o prefeito da cidade americana revelou à AFP que “quebramos os códigos quando o comité trocou a fórmula (de eleição das sedes). Antes, existiam pessoas no canto de uma sala celebrando e o restante chorando. Houve um sentimento real de solidariedade, cooperação e felicidade”.

Obras

Os prefeitos de ambas cidade disseram, em coletiva de imprensa ao lado de Bach, que a maioria das obras para os eventos já estão prontas ou em execução.

Garcetti se mostrou confiante de que a cidade de quase quatro milhões de habitantes, a segunda mais povoada dos EUA, vai assumir os custos dos Jogos sem dificuldades.

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— Em Los Angeles temos um estádio que está sendo construído, independentemente do que acontecer. Se o valor subir, isso não fará parte do nosso orçamento. As melhoras em transporte seriam feitas se ganhássemos ou não. O campus da Universidade da Califórnia seria construído, se tivéssemos nos candidatado ou não — tranquilizou o prefeito.

Na mesma coletiva, Hidalgo revelou que Paris “tem 95% das sedes prontas. Temos meios de transporte, sistemas implementados e tudo o que é necessário. Podemos trabalhar de maneira apropriada e positiva”.

Diante dos eventuais problemas de segurança, Bach disse que não vai se deixar vencer pelo terrorismo.

— Nunca diremos que, por razões de segurança, não teremos eventos. Isso seria dar uma vitória aos movimentos terroristas no mundo e isso não vamos fazer. Estamos unidos e de pé. Não estamos dispostos a nos deixar vencer pelo terrorismo — garantiu.

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Transparência

O COI respirou um pouco sobre o escândalo de corrupção envolvendo a nomeação do Rio de Janeiro como sede das olimpíadas de 2016. Ainda assim, o caso soou com força na sessão em Lima.

O encontro na capital peruana deveria ser apenas uma festa, mas se tornou dor de cabeça para as autoridades das duas cidades e para Bach.

O dirigente máximo do COI não lembrou do escândalo durante a cerimônia de abertura realizada na noite de terça-feira, no Grande Teatro Nacional de Lima mas disse que “temos regras sólidas para prevenir más condutas e punir rapidamente os comportamentos”.

Bach se referiu às acusações contra o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Nuzman.

Na última terça-feira (5), as autoridades brasileiras realizaram grande operação contra o chefe da candidatura do Rio, suspeito de ter organizado o esquema de compra de votos em 2009. O objetivo era garantir que a cidade carioca superasse as concorrentes Madri, Tóquio e Chicago.

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O COI espera as provas do Brasil antes de adotar medidas. Até lá, Bach vai seguir segurando a pressão que a organização sofre.

*AFP