A greve dos servidores, principalmente das áreas da saúde e educação, continua nesta segunda-feira (5) em Florianópolis em meio à tensão entre a categoria e a prefeitura. Isto porque no sábado (3), a Controlodaria-Geral abriu uma sindicância para apurar a responsabilidade dos servidores no descumprimento da medida judicial que tornou o movimento ilegal, posicionamento que é rebatido pelos grevistas.

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A abertura da investigação foi publicada no sábado (3), no Diário Oficial da União, tendo como base a decisão judicial e a recomendação do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), que obriga os servidores a retornarem ao trabalho e permite a prefeitura exonerar os faltantes.

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A comissão, formada por servidores técnicos de diferentes pastas, tem o prazo de 72 horas para concluir a sindicância e iniciar os processos administrativos individuais contra aqueles que estão descumprindo a medida.

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O Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sitrasem) repudiou a medida. Em nota, divulgada nas redes sociais, a categoria chamou os servidores que integram a comissão de “traidor dos trabalhadores” e que a medida foi feita para ameaçar e perseguir os grevistas.

Nesta segunda-feira, uma reunião entre a prefeitura e os servidores deve ocorrer na Superintendência Regional do Ministério do Trabalho de Santa Catarina. O objetivo é negociar com o executivo as reinvindicações feitas pela categoria.

Serviços da saúde e educação seguem com impactos

Com a continuidade da greve, alguns serviços seguem com impactos nesta segunda-feira. Alguma escolas seguem com atendimento parcial e o município estuda uma possível antecipação das férias escolares.

Na área da saúde, 17,43% dos profissionais efetivos aderiram a greve, segundo a prefeitura. Com isso, 47 Centros de Saúde, três CAPS e cinco policlínicas estão com atendimento afetado nesta segunda-feira. Por conta disso, durante o fim de semana, a prefeitura lançou um programa de atendimento por telemedicina, que deve complementar as ofertas do serviço público na cidade. A medida, no entanto, não deve substituir as consultas presenciais, mas deve ajudar nos impactos da greve.

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Conforme a Secretaria de Saúde, a estimativa é de que boa parte dos atendimentos médicos na cidade poderão ser feitos de maneira virtual. Também deve ocorrer orientações de autocuidado e direcionamentos para emergência.

Para ter acesso, o morador deve ligar no Alô Saúde, pelo 0800 333 3233 e identificar-se. É necessário ser morador de Florianópolis e ter cadastro no SUS. Ele também poderá ser feito na hora do atendimento. Depois, a pessoa passará por uma triagem com profissionais de enfermagem e receberá um link via e-mail ou whatsapp para acessar a consulta na hora marcada pelo celular ou computador.

Além disso, o município orienta que os cidadão que precisarem de atendimento liguem para o Alô Saúde, antes de irem até a unidade.

Já na área da educação, das 124 unidades, 14 estão sem atendimento. As demais, funcionam total ou parcialmente. Em relação a sexta-feira, houve uma queda no número de profissionais que aderiram o movimento. Cerca de 100 pessoas retornaram aos serviços no início desta semana.

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Entenda o caso

A decisão de paralisação ocorreu em assembleia com cerca de 5 mil pessoas após mais uma rodada de acordo frustrada, na segunda (30), conforme informou o Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sitrasem). Na ocasião, a prefeitura manteve sua posição de terceirizar os serviços municipais, o que caminha contra a reinvindicação dos servidores.

A categoria pede cumprimento dos planos de carreira e valorização salarial, concurso público e não privatização e terceirização dos serviços. O grupo aguarda agora uma nova proposta da prefeitura.

Em nota, a prefeitura lamentou a decisão dos servidores e afirmou que as negociações estavam abertas com proposta de “aumento real de salário por parte da prefeitura”, que os movimentos de greve são “considerados ilegais pela justiça”. Na educação, o órgão prevê antecipar as férias escolares para que “alunos não sejam prejudicados com a paralisação”.

— O sindicato se diz contra o modelo de organização social nas UPAs [terceirização] mas prova cada vez mais a importância desse modelo de administração. É o que vamos fazer durante a greve: contratar profissionais de fora para não deixar a população sem atendimento — disse o prefeito Topázio Neto.

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