A advogada e presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB em Joinville, Cynthia Pinto da Luz, promete denunciar o caso ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, e também à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
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Segundo a advogada, abusos em operações do Deap são recorrentes, ao contrário do que alega o departamento em nota oficial.
– É inadmissível que se faça isso em pessoas imobilizadas. A força é admissível em resposta a uma agressão, mas não houve motivo para agirem daquela forma. É uma vergonha para toda a categoria de agentes prisisonais -, critica.
Os atentados ocorridos nos últimos dias em Joinville também são reflexo dos abusos, diz Cynthia.
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– O que ocorre aqui fora tem tudo a ver com o evento do dia 18. Foi o estopim de um contexto que já vinha acontecendo na Penitenciária de São Pedro de Alcântara -, afirma.
A presidente da Comissão dos Direitos Humanos promete atenção especial à apuração da participação dos agentes prisionais de Joinville nos abusos.
– Vamos acompanhar todos os desdobramentos dos excessos para termos certeza de que não haverá impunidade. Só a punição servirá de exemplo para que isso não seja um ato recorrente -, cobra.
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Lamentação à parte, aponta Cynthia, é a falta de diálogo entre o governo do Estado e as entidades que cobram melhorias no sistema prisional joinvilense. Uma comitiva formada por entidades de classe, além de vereadores e do juiz João Marcos Buch, pedia um encontro com a secretária Ada de Luca (Justiça e Cidadania) e com o governador Raimundo Colombo (PSD), mas ainda não houve reunião agendada.
O que aconteceu longe das câmeras também preocupa
O que aconteceu longe das câmeras no último dia 18 de janeiro preocupa ainda mais o presidente do Conselho Carcerário de Joinville, Nasser Haidar Barbosa. A violência usada naquela operação pente-fino, diz Nasser, já era conhecida pelo conselho antes de as imagens serem divulgadas.
Em visita ao presídio dias após o episódio, ele conversou com detentos que relataram os abusos.
– Usaram a truculência de praxe. Lógico que os presos não deram detalhes se havia rixa ou perseguição em relação a alguns. O que se sabe é que é comum, apesar de não conseguirmos provar sempre, que isso ocorre lá dentro -, aponta.
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Na opinião do presidente do Conselho Carcerário, o recesso do Poder Judiciário e o tempo passado entre a última visita do conselho – cerca de um mês – pesaram para aquele desfecho.
– É por isso que o Poder Judiciário cobra para ser informado sempre que essas operações ocorrerem. Isso já inibe o tratamento que é dispensado. Por mais que digam que não existe tortura, essas situações provam que existe e não é isolada, é rotineira -, dispara.