A Comissão Especial de Saúde da Câmara de Vereadores de Joinville quer ouvir o ex-secretário Andrei Kolaceke e outros profissionais que ocupam cargo de chefia na pasta e buscar respostas para a falta de médicos e remédios em postos da cidade. Para o presidente da comissão, Cláudio Aragão (MDB), faltou “gestão e comunicação” por parte do atual governo de Adriano Silva (Novo).
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Comissão especial de saúde de Joinville fará visitas surpresa e terá canal pelo WhatsApp
A primeira ação efetiva dos vereadores ocorreu na segunda-feira (24), quando visitaram a UPA Sul. A ideia, agora, é fazer idas surpresas em outras unidades e ouvir as principais demandas da população. Os parlamentares querem também escolher uma cidade catarinense em que a saúde primária “não está defasada” para adaptar o modelo, já que, segundo Aragão, é onde encontra-se o problema de Joinville.
Na prática, da mesma forma que ocorre em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), os vereadores vão elaborar um relatório que deve indicar as necessidades e ações a serem feitas pelo poder Executivo municipal e o encaminharão ao Ministério Público e também ao Poder Judiciário. Ao invés da CPI, os vereadores optaram pela Comissão Especial de Acompanhamento, que tem menos poderes.
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Caso seja preciso, o prazo de 30 dias da comissão poderá ser ampliado.
Quem será convidado a falar e o que se busca saber?
Conforme Cláudio Aragão, serão convidados para as oitivas o ex-secretário da Saúde de Joinville, Andrei Kolaceke, a atual secretária da pasta na cidade, Tânia Eberhardt (que assumiu a cadeira nesta segunda-feira, dia 24), técnicos responsáveis por enfermeiros e médicos, além de coordenadores das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), postos de saúde e encarregados pelas compras de medicamentos.
A partir dessas conversas, busca-se saber por que faltam profissionais da saúde, como médicos e enfermeiros, por exemplo, e também por que não há determinados medicamentos nas unidades básicas de saúde.
— A saúde primária, de fita azul e verde, não está funcionando. Vai nos postos e não encontra médico, ou então, não encontra remédio. A pessoa que é hipertensa, diabética, enfim… Tem que ser tratada no posto, tem que ser atendida pelo médico e pegar o medicamento na unidade básica de saúde. Mas se a saúde primária não está funcionando na ponta, a pessoa vai ter problema de saúde e ela vai parar onde? Vai parar na UPA. E aí dá o sufoco. Quem é responsável por isso? — questiona o vereador.
Outra questão enfatizada pelo presidente da Comissão de Saúde é uma certa “confusão” gerada pela falta de comunicação entre os gestores. Durante a visita na UPA Sul, segundo ele, isso ficou evidente.
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— A coordenadora da UPA Sul não tinha conhecimento do atendimento de emergência [infantil] que o próprio gestor da saúde organizou no posto de saúde do bairro João Costa. E Essa unidade fica a 800 metros da UPA. Isso é pra ver como não tem comunicação. Faltou o quê? Faltou gestão na Saúde de Joinville — sublinha.
Com relação a quantos e quais profissionais estão em falta, o parlamentar diz que ainda não há levantamento sobre o assunto, mas que esses dados serão apresentado no relatório. No entanto, em sua opinião, “do jeito que está”, teria que dobrar o número de trabalhadores que atuam nas UPAs.
Na sessão desta quinta-feira (27), a comissão deve deliberar qual cidade será usada como modelo na atuação de saúde primária. Assim que a escolha for feita, os parlamentares devem convidar a secretária municipal para acompanhar a visita.
O que foi visto na visita da UPA Sul
O grupo de vereadores, formado por Claudio Aragão (presidente da Comissão), Brandel Junior (Podemos, secretário), Cassiano Ucker (União Brasil, relator) e Neto Petters (Novo, membro), e suas equipes foram à UPA Sul na segunda-feira conferir a situação da unidade, a principal da zona Sul que atende a uma população de mais de 217 mil pessoas.
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Os parlamentares relataram que, na breve ida à sala de medicação, onde pacientes estavam sentados recebendo soro ou remédios por via venosa, todos os assentos estavam ocupados.
Conforme Aragão contou ao AN, na ala de emergência, a espera para o atendimento, que é pra ser de no máximo seis horas, em algumas situações, estava demorando mais de 12 horas, conforme teria relatado uma mãe. Além disso, somente para a triagem, que é o procedimento básico para entender qual a gravidade da situação, os pacientes estavam esperando mais de uma hora.
Para o parlamentar, em vez de uma Central de Atendimento exclusiva para Dengue, instalado no bairro Boa Vista, o governo municipal deveria ter pensado em instalar dois hospitais de campanha — um na zona Sul e outro na Norte.
— Então, quando se cria esse hospital de campanha lá na região Leste, onde teve dia que atenderam três pacientes, a pergunta para o Executivo é por que não se organizou dois hospitais de campanha para atender todas as referências? Se cria uma estrutura daquela, se cria um custo, se cria valor. E o que que falta aqui no PA? Está faltando médico, está faltando funcionário, falta enfermeiro, falta técnico, falta medicamento e falta principalmente espaço. Se falta espaço, eu tenho que criar espaço. Como é que eu crio espaço? Eu contrato um hospital de campanha — defende.
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Com relação aos recursos utilizados para se contratar essas duas unidades sugeridas por ele, disse que, “se conseguiram recurso pra criar lá, será que não conseguiria recurso pra criar duas unidades, pelo menos, de campanha?”.
Procurada pelo AN, a Prefeitura de Joinville informou que ainda não recebeu nenhum pedido de informação da Comissão Especial de Acompanhamento.
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