Jaraguá do Sul fechou seus primeiros cinco meses deste ano com um saldo positivo de 1.028 novos postos de trabalho. No entanto, o número é 50% menor que na mesma época de 2014, revelando indícios da crise nacional e desaceleração da economia da cidade.

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O setor que desponta com o maior saldo negativo é o comércio, com 122 vagas fechadas neste ano em Jaraguá do Sul. Os movimentos da indústria, que chegou a eliminar 605 vagas apenas em abril, também preocupam.

Se comparados com o ano passado, os dados geram apreensão. Até maio de 2014, 2.186 vagas haviam sido abertas em Jaraguá do Sul: 191 delas no comércio e 1.405 na indústria. Neste ano, o número total de vagas abertas baixou para 1.028: são 122 a menos no comércio e 590 vagas abertas na indústria.

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Balanço

Para o diretor de desenvolvimento econômico do Instituto Jourdan, Marcio Manoel da Silveira, os números devem ser analisados sob a perspectiva de outros anos. Desde 2006, o comércio oscila entre saldos positivos e negativos no primeiro semestre do ano. É no segundo semestre, historicamente, que os saldos se mantêm positivos para o setor. Já a indústria revela um cenário mais pessimista, tendo seu segundo pior índice nos últimos dez anos. O saldo positivo de 590 admissões até maio de 2015 fica acima apenas de 2009, ano em que 950 vagas foram fechadas nos cinco primeiros meses do ano. Em 2014, foram 1.405 contratações no mesmo período.

– Historicamente, o segundo semestre gera saldos positivos até novembro e despenca em dezembro, em função das contratações prevendo as vendas e o fechamento de fim do ano. Isso acontece em todos os setores. Mas a tendência é chegarmos ao fim do ano com saldo negativo – analisa Marcio.

Comerciantes sentem impacto

Analisando que qualquer saldo negativo em empregos é preocupante, Marcio ressalta que quando um setor é afetado, todos os outros também são. Quem verifica a mesma característica é o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Eduardo Schiewe. Ele ressalta que, antes que o comércio surgisse com um saldo negativo de empregos, a indústria foi responsável por muitas demissões.

A roda da economia então começou a girar: com medo das demissões, possíveis compradores seguram as contas; com menos vendas, as lojas percebem a crise e buscam alternativas. As compras que geram endividamentos de longo prazo costumam ser as primeiras a serem evitadas, devido à insegurança. Porém, hoje, boa parte do comércio parece afetada.

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Schiewe reconhece que o movimento nas lojas está fraco. Sem perspectivas de crescimento, o cenário é de estagnação e gera apreensão. Com isso, algumas empresas buscam meios de se prevenir. A demissão costuma aparecer como última possibilidade: além dos altos gastos da rescisão de contrato, é perdido o valor de treinamentos. Porém, quando as opções se esvaem, a redução do quadro de funcionários sobra como alternativa.

Outro sinal das baixas vendas são as vitrines anunciando promoções em pleno junho. Para Schiewe, o movimento é visto como antecipado e ele acrescenta: se não houvesse um cenário de pouco movimento, dificilmente haveria descontos tão cedo. Ressaltando que cada lojista deve avaliar seu próprio caixa, ele conta que o comum é as liquidações ocorrerem apenas em agosto, perto da data do Liquida Jaraguá. Apesar de muitos estarem colocando descontos em peças de coleções antigas, as campanhas revelam um ano difícil no setor de vendas.