Os intercâmbios comerciais da China caíram em junho, refletindo a estagnação do comércio do gigante asiático em um contexto de pouca demanda mundial, enquanto crescem as incertezas nos principais mercados pelas consequências do Brexit.

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As exportações da China, a principal potência comercial do planeta, caíram em termos anuais 4,8% em junho, a 180,4 bilhões de dólares, segundo as alfândegas do país.

Em iuanes, as exportações chinesas – um dado divulgado inicialmente pelas autoridades – refletem uma modesta recuperação de 1,3%, mas isso é produto da depreciação da divisa chinesa de 8% em relação ao dólar em um ano, segundo o banco ANZ.

Estes números são analisados com atenção para avaliar a saúde da segunda economia mundial, já que o comércio exterior continua sendo um dos pilares do PIB chinês. E isso apesar dos esforços do governo para equilibrar o modelo de crescimento da economia do país aos serviços, às novas tecnologias e ao consumo interno.

Em abril as exportações caíram (-1,8%) e diminuíram ainda mais em maio (-4%), em um contexto de baixa demanda internacional.

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“A economia chinesa aguenta, mas as pressões à baixa persistem. Os custos das empresas continuam sendo elevados, alguns setores se mudam ao exterior, os pedidos vão a outras partes”, lamentou o porta-voz das alfândegas, Huang Songping.

Os intercâmbios com os Estados Unidos e com o sudeste asiático caem, já que o “ambiente (econômico) está cheio de incertezas, o que dificulta nossas exportações”, acrescentou.

Entre estas incertezas citou o Brexit e os esperados aumentos iminentes de taxas de juros nos Estados Unidos.

A sombra do Brexit

“As perspectivas para o setor exportador chinês são sombrias. E a incerteza gerada pelo Brexit pode minar a demanda europeia”, confirma Yue Su, especialista do escritório The Economist Intelligence Unit.

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A União Europeia, incluindo o Reino Unido, representa 16% do total das importações chinesas, o que a converte no primeiro sócio comercial de Pequim.

“O Brexit provavelmente vai ofuscar o comércio chinês, como a crise das dívidas europeias já havia feito em 2011-2012”, afirma Raymond Yeung, analista do ANZ.

Consciente deste risco, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, presente nesta quarta-feira em Pequim para uma cúpula UE-China, enviou uma mensagem tranquilizadora. “A Europa a 27 (sem Reino Unido) continuará sendo o principal mercado mundial”, disse.

Por sua vez, as importações chinesas também caíram 8,4% em junho, a 132,2 bilhões de dólares, refletindo os problemas da demanda interna.

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No total, o superávit comercial da China foi de 48,1 bilhões de dólares em junho, moderando-se levemente em relação aos quase 50 bilhões registrados no mês de maio.

Em geral, a conjuntura chinesa continua sendo precária: a indústria permanece afetada pelos enormes excessos de capacidade produtiva, enquanto o aumento do endividamento público e privado e os atrasos nas prometidas reformas estruturais preocupam.

* AFP