A loja de roupas e acessórios de Mônica Cardoso fica na rua Babitonga, a principal do Centro Histórico de São Francisco do Sul, num casarão centenário pertencente a sua família. Mas, apesar da localização privilegiada, a comerciante não sai distribuindo sorrisos. Isso porque ter seu comércio num prédio tombado, em meio a um conjunto arquitetônico de mais de meio século, não traz grandes benefícios para o bolso.

Continua depois da publicidade

Mônica reclama, por exemplo, dos impostos que paga – além do IPTU, outro referente às terras de marinha (SPU) – e da dificuldade de fazer seguro, pelo temor que as empresas do ramo têm de edifícios tombados.

– Qualquer mexida na estrutura, eu tenho que pedir permissão ao Iphan, mesmo que seja para trocar uma telha. Preciso esperar 30 dias, para autorizar ou não – diz a comerciante.

Para Mônica, essas dificuldades impostas estão fazendo o Centro Histórico deixar de ser o núcleo comercial da cidade. Segundo ela, as lojas – em número bem maior há dez anos – estão migrando para a rua Barão do Rio Branco, a algumas quadras dali. De fato, existem muitas portas comerciais fechadas na rua Babitonga. Sem contar que os Correios, INSS e bancos já deixaram o local. E vale a pena continuar nele?

Continua depois da publicidade

– É bonito para aquele turista que quer ver uma coisa diferente, mas, para quem vive o dia a dia, fica difícil – afirma Mônica.

Ricardo Assef, cujo comércio de calçados ocupa um prédio na rua Babitonga que está há três gerações na família, não vê nuvens tão escuras no horizonte francisquense. Para ele, além de o Iphan estar mais flexível com relação a mudanças e reformas, o órgão recomenda descontos no IPTU de acordo com a situação de cada imóvel.

Na verdade, o que o comerciante questiona é a troca de endereço feito pelos bancos e repartições públicas e o péssimo estado em que os prédios se encontram agora. Para ele, isso reduz a beleza da região e afasta o público.

Continua depois da publicidade

– O Centro Histórico sobrevive bem, mas poderia ser muito melhor – diz Assef, cobrando mais atenção dos órgãos públicos.

– Eu morei aqui, trabalho aqui, meu pai mora aqui em cima. Se o Centro Histórico acabar, perco minha casa e meu emprego. Por isso, defendo muito muito isso aqui.