Encontrar um espaço vazio e adequado para vender churros no cruzamento das ruas do Príncipe e Três de Maio, no Centro de Joinville, tornou-se um desafio para Getúlio Padilha, 64 anos. Na manhã desta terça-feira, ele levou mais tempo que o de costume para montar a máquina, fritar as massas e rechea-las. Isso tudo porque a região em que ele trabalha foi tomada pelas obras de fiação subterrânea, iniciadas em novembro do ano passado na região central da cidade.
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No entanto, o prejuízo que Padilha teve na manhã desta terça foi pequeno se comparado com os quatro dias em que ele não pode exercer o oficío. Por causa das obras, ele teve que mudar o lado da esquina para continuar trabalhando.
– O problema é que um fiscal disse que eu não poderia ficar no outro lado e me proibiu de permanecer no local, mas eu só fiz isso porque eles abriram a calçada para colocar os tubos – conta o vendedor.
Como as obras continuam e Padilha precisa da renda para sobreviver, ele decidiu voltar a ocupar o outro lado da esquina. Ele argumenta que tem alvará para ficar no cruzamento das ruas do Princípe e Três de Maio e que o documento não especifica em qual lado da via ele deve atuar.
– Eu deixei de ganhar mais de R$ 500 reais nesses dias parados, pois o meu maior lucro é no final da semana. Eu não posso perder ainda mais – explica Padilha.
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Mas ele não é único prejudicado com as obras. Os lojistas também sentem os reflexos dos buracos abertos nas calçadas, do barulho das máquinas e da poeira que levanta. O trânsito fica congestionado em horários de pico e não há vagas de estacionamento na rua, porque a instalação da fiação subterrânea está sendo realizada dos dois lados da via, simultaneamente.
– Seria melhor se eles fizessem primeiro de um lado da rua e depois do outro. É muita coisa ao mesmo tempo, fica complicado – diz o gerente de uma loja de aviamentos, Carlos Aristeu de Oliveira.
A sujeira se tornou outro problema. Ele contou que o chão da loja passou a amanhecer empoeirado, desde que as obras avançaram para o trecho da Caixa Econômica. Pelo mesmo motivo, algumas lojas deixaram de decorar as vitrines e de expor produtos nas ruas.
Apesar de concordar que as obras causam alguns transtornos para comércio e o trânsito, o chefe da gerência regional da Celesc, Jefferson Arantes, explica que é necessário ter paciência, pois a implantação da fiação subterrânea trará muitos benefícios.
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– O Centro de Joinville é muito movimentado, então é difícil executar as obras sem reclamações. Os trabalhos causam, sim, poeira e sujeira, mas deixará a região mais bela quando ficar pronto. Haverá uma despoluição visual – argumenta Arantes.
Além disso, ele ressalta que a maior parte dos grandes centros urbanos já utilizam a fiação subterrânea, pois não precisam de tanta manutenção e proporcionam mais segurança. Todas as questões pertinentes às obras serão discutidas na tarde desta terça-feira, entre representantes da Celesc, Prefeitura e da empresa responsável, a Sadenco. Em princípio, o prazo de conclusão é final deste ano.
Seinfra fiscaliza os trabalhos
O gerente de fiscalizações da Seinfra, Paulo Roberto Rodrigues, explicou que as obras são monitoradas constantemente pelos fiscais da Prefeitura e que eles estão atentos aos detalhes que envolvem a segurança dos pedestres, motoristas e comerciantes.
– A obra deve ser bem sinalizada e é fundamental que haja espaço para os pedestres caminharem. O trânsito de veículos pode ser interditado e desviado para outro trajeto, mas as pessoas têm o direito de transitar pela via de foram segura – destaca Rodrigues, ao afirmar que também é um dever da empresa responsável manter a rua limpa.
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Em relação ao caso do vendedor de churros, Rodrigues falou deve ter ocorrido uma falha de comunicação, pois não há problema algum em mudar o lado da via do ponto de trabalho. O que não pode acontecer, segundo ele, é ter alvará para trabalhar no terminal de ônibus e se mudar sem autorização para a rua do Príncipe.
Serviço
O quê: instalação da fiação subterrânea
Onde: Ruas 9 de Março, do Príncipe, São Francisco, Comandante Eugenio Lepper e São Joaquim
Investimento: R$ 8 milhões
Prazo de conclusão: final de 2014
Comprimento da rede subterrânea : 2,35km