Um grupo de comerciantes se reuniu na tarde desta terça-feira (21) para fazer uma manifestação contra a demora nas obras de macrodrenagem do rio Mathias, que começaram no fim de 2016 na rua Jerônimo Coelho, no Centro de Joinville. Eles são proprietários de comércios localizados na via por onde passam as obras e também de outras ruas que são afetadas, como a Dr. Norberto Bachmann e do Príncipe.

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Uma das integrantes do protesto foi a comerciante Rosemeri Aparecida Talini, de 48 anos. Ela trabalha na rua Jerônimo Coelho desde 1993 e afirma que o faturamento da loja hoje é 20% do que foi em 2015, antes dos problemas começarem por causa das obras. Rosemeri chegou a ter oito funcionários, mas hoje trabalha com apenas três.

— A gente tem problema com lama, poeira nos produtos e, principalmente nas últimas três semanas, com o cheiro de esgoto. Até clientes já entraram na loja e taparam o nariz, perguntando como conseguimos ficar ali dentro — contou.

Segundo Rosemeri, a obra também contribui para o aumento da insegurança na região. A loja dela já foi assaltada diversas vezes, a última na madrugada desta terça-feira. A comerciante conta que os assaltantes agora têm entrado pela parte de cima das lojas para levar os produtos.

— Na semana passada foram vários comerciantes assaltados aqui e isso causou uma revolta. Eu comecei aqui como camelô, então são muitos anos já trabalhando na rua Jerônimo Coelho, mas está uma tristeza. Estou com data marcada para fechar a loja por causa de tudo isso — explicou.

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Máquinas estão trabalhando no local
Máquinas estão trabalhando no local (Foto: Hassan Farias, A Notícia)

Comerciantes cobram providências

O comerciante Sandro Rosa, que trabalha há 25 anos no local, cobra uma providência da prefeitura. Segundo ele, com o fechamento das lojas o município está perdendo em arrecadação e com a perda de empregos.

— A gente continua pagando imposto e a cobrança é muito grande. A fiscalização chega lá dentro do comércio da gente e diz como tem que ser, mas o que estamos recebendo de volta? O que a prefeitura tem feito? — questionou.

Segundo ele, um comerciante investiu cerca de R$ 4 milhões em uma loja na rua Jerônimo Coelho, tinha aproximadamente 45 funcionários, mas depois de três anos no local precisou fechar porque a arrecadação caiu. O mesmo comerciante decidiu abrir lojas em Itajaí e Chapecó.

Durante o protesto, os comerciantes caminharam pelo trecho em obras e cobraram mais uma vez a conclusão das intervenções. Para Rosemeri, é a única solução para melhorar a situação do comércio na região.

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— Isso já virou palhaçada faz tempo. Vivemos de tudo aqui, só falta ver a rua pronta porque de caos já vivemos tudo — destacou.

Comerciantes caminharam pelo local da obra
Comerciantes caminharam pelo local da obra (Foto: Hassan Farias, A Notícia)

CDL se reuniu com empresas responsáveis pelas obras

Em dezembro, a CDL fez reuniões com as empresas que estão executando as obras. Segundo o presidente José Manoel Ramos, a reunião com os consórcios foi produtiva porque garantiu a aproximação com as empresas.

— Foi bom para diminuir o impacto sabendo, pelo menos, quando começam e quais são os prazos das obras. Agora, os lojistas têm acesso ao pessoal do consórcio. Sempre que precisam, estão falando com eles — explicou.

Segundo ele, as empreiteiras tem suas razões e a a Prefeitura também porque é uma obra complexa, causando um impacto muito grande na vida das pessoas. O problema é o tempo que ela leva na frente dos estabelecimentos.

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— Em prédios comerciais, muitas salas estão fechadas. Isso é muito ruim porque muitas vezes acaba com os sonhos de muitas famílias, de muitos anos. Algumas mudam de lugar mas não se recuperam mais porque a clientela estava ali naquele lugar — disse o presidente.

A CDL tem feito intervenções sobre o esgoto que estava correndo e, de acordo com a entidade, a Águas de Joinville já resolveu o problema. Para José Manoel, a manifestação dos comerciantes mostra o desespero das pessoas com os problemas causados pela obra.

Obras na esquina com a rua Rio Branco
Obras na esquina com a rua Rio Branco (Foto: Hassan Farias, A Notícia)

Prefeitura prevê conclusão em 60 dias

A prefeitura informou que a rua Jerônimo Coelho está na fase final das obras de implantação da galeria de macrodrenagem do rio Mathias. No momento, faltam 95 metros para serem instalados no trecho da rua Rio Branco até o entroncamento com a rua Dr. Norberto Bachmann – já foi implantada a galeria no trecho até o entroncamento com a Rua do Príncipe. A previsão que essa obra seja finalizada em 60 dias.

Segundo o município, a pavimentação da rua Jerônimo Coelho está prevista para ocorrer dentro deste período. Será feito inicialmente a pavimentação do trecho entre a rua Itajaí até a Rio Branco. No momento, neste trecho, está sendo feita a revitalização das calçadas.

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Sobre a paralisação das obras em vários momentos, a prefeitura informou que isso se deu por decisão das empresas contratadas, já que não havia impedimento para que as implantações de galerias fossem retomadas. O município garantiu que cobrou intensivamente pela retomada dos trabalhos.

O próximo passo das obras de macrodrenagem será a priorização das intervenções dentro da Praça Nereu Ramos, com a colocação da galeria. As obras devem começar após o término da Jerônimo Coelho, dentro de 60 dias.

Outra frente de trabalho que realiza a instalação da galeria de condução de água acontece na rua Visconde de Taunay em direção ao Centro. A previsão que esse trecho, até o entroncamento com a rua Pedro Lobo, seja finalizado em quatro meses.