Luiz Felipe Scolari assume o comando da Seleção Brasileira após 10 anos e três meses da sua primeira passagem, quando conquistou a Copa do Mundo de 2002. Ao seu lado, volta outro campeão mundial, Carlos Alberto Parreira, técnico do Brasil na campanha do tetra em 1994.
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Parreira vai ser o coordenador técnico da Seleção – o braço direito de Felipão. Os dois serão empossados por José Maria Marin, presidente da CBF, hoje pela manhã, em um hotel de luxo na zona sul do Rio de Janeiro.
Marin fechou o acordo com Felipão na última terça e programou a sua apresentação para hoje. O treinador estava em Passo Fundo (RS) desde sábado, ao lado de familiares, acompanhando sua mãe, que enfrenta uma série de problemas de saúde. E retornou ontem a São Paulo a pedido do presidente da CBF.
O dirigente estava com pressa para definir o novo comandante porque, a partir de hoje, em São Paulo, a Fifa abre o evento do sorteio dos jogos e grupos da Copa das Confederações de 2013 e o Brasil, por ser o anfitrião do torneio, não poderia se apresentar sem o treinador da Seleção Brasileira.
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Fechado com Felipão, José Marin Marin também se apressou para ter Carlos Alberto Parreira no colegiado. Dono de um vasto currículo, com nove participações em Copas do Mundo desde 1970, Parreira aceitou de imediato ao chamado do presidente da CBF.
Felipão gostaria mesmo de contar com Parreira ao seu lado. E não é de hoje. Em 2010, durante a Copa do Mundo na África do Sul, o treinador recebeu o convite de Ricardo Teixeira, na época presidente da CBF, para suceder Dunga no comando da Seleção. Luiz Felipe Scolari aceitou, mas pediu ao cartola para Parreira ser o coordenador técnico. Teixeira não concordou e Felipão preferiu declinar do convite.
Scolari e Parreira dão lastro à Seleção
Quatro anos depois, os dois se encontram e agora com amplos poderes no comando do time nacional. Marin optou pela dupla para dar lastro à Seleção. O dirigente entendia que Mano Menezes não tinha a menor empatia para conduzir a equipe ao título em casa. Com dois campeões mundiais à frente do projeto, avalia Marin, o Brasil ganha peso para a difícil missão de levantar a taça, no Maracanã, na final do Mundial de 2014.
Outro movimento de Marin foi isolar Andrés Sanchez, diretor de Seleções da CBF. O dirigente extinguiu o cargo e jogou o ex-presidente do Corinthians na oposição do futebol brasileiro. Sanchez era o último homem de confiança de Ricardo Teixeira no coração da CBF.
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Político experiente e conservador, José Maria Marin, em nenhum momento, pensou em um treinador estrangeiro para a vaga de Mano Menezes.
Sua aposta seria mesmo em um técnico com perfil de vencedor. O presidente José Maria Marin também não levou em consideração o momento da carreira de Luiz Felipe Scolari, que saiu do Palmeiras no último dia 13 de setembro, quando o time já estava encaminhando o rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro em 2013.
Título no Tigre abriu caminho
Jogador de habilidade duvidosa, Luiz Felipe Scolari levou o estilo aguerrido e de liderança das épocas de zagueiro para o banco de reservas, quando decidiu iniciar a carreira de treinador. A estreia foi em 1982, no CSA, de Alagoas.
::: Tunel do tempo: a campanha de Felipão no título do Tigre
Depois vieram Juventude (RS), Brasil (RS), Al Shabab (Arábia Saudita), Pelotas, Goiás, Qadsia (Emirados Árabes) e a seleção do Kuwait, até chegar a Criciúma.
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Fiel ao jeito hoje conhecido, chegou ao Tigre em 1991para fazer história. No Heriberto Hülse alcançou o primeiro grande trabalho de sua carreira, levantando a Copa do Brasil de maneira invicta, com seis vitórias e quatro empates, um aproveitamento de 73%.
Dono do melhor ataque da competição, com 14 gols, o Criciúma passou pelo Ubiratan (MS), Atlético Mineiro, Goiás, Remo (PA) e Grêmio.
Na decisão, Felipão mostrou a astúcia que virou marca em sua personalidade, ao jogar com o regulamento debaixo do braço: ganhou o título com dois empates (1 a 1 no Olímpico e 0 a 0 em casa).
Religioso, Felipão agradeceu a conquista no Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio, na cidade vizinha de Nova Veneza. Percorreu os 10 quilômetros que separam Criciúma do local a pé, com membros da comissão técnica.
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Depois do título nacional, o treinador voltou ao mundo árabe, onde treinou o Al-Ahli, sem obter muito sucesso. Porém, foi somente em 1993, no Grêmio, que o treinador se confirmou no cenário dos técnicos de elite do país.
Estreia será em Londres
Luiz Felipe Scolari terá cinco amistosos para preparar a equipe antes da estreia na Copa das Confederações, em 15 de junho, em Brasília, contra rival ainda indefinido.
No dia 2, o Brasil enfrenta a Inglaterra, no Maracanã, e no dia 9, será a vez de jogar contra a França, no Mineirão.
No dia 6 de fevereiro, o confronto será também com a Inglaterra, no Estádio de Wembley, em Londres, que deve marcar a estreia de Felipão. Mas a CBF tenta aproveitar duas datas reservadas pela Fifa em março e procura adversários para ajudar na preparação do time de Felipão.
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Na Copa das Confederações, o Brasil sabe que enfrentará a Itália na primeira fase. O sorteio dos grupos será sábado, em São Paulo, mas o secretário-gerial da Fifa, Jérôme Valcke, adiantou ontem que brasileiros e italianos ficarão na mesma chave – e a outra teria Espanha e Uruguai.
Assim, o Grupo A terá Brasil e Itália, enquanto que o B ficará com Espanha e Uruguai. Japão (Ásia), México (Concacaf), Taiti (Oceania) e o representante africano, que será conhecido de fevereiro, serão sorteados nas duas chaves.