Este domingo, dia 12 de maio, não celebra apenas o Dia das Mães. Ele comemora também o encerramento da 1ª Semana Internacional de Conscientização do Clitóris, lançada no último dia seis pela organização norte-americana Clitoraid, surgida há seis anos com o intuito de realizar o trabalho humanitário de reparar cirurgicamente o clitóris de mulheres que foram vítimas de mutilação genital. A Clitoraid pretende inaugurar em outubro o primeiro Hospital de Restauração Clitoriana do mundo.
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Em uma sociedade patriarcal amplamente dominada pelos objetos fálicos, o órgão de prazer sexual feminino ainda não conquistou seu lugar à luz. Para Nadine Gary, porta-voz da organização, talvez a Semana do Clitóris mude isso.
– No século 19, ninfomania era considerada uma doença. Talvez ainda seja assim hoje em dia. Dizia-se que masturbação causava cegueira e morte prematura, e até mesmo os médicos acreditavam que o desejo sexual poderia destruir o equilíbrio mental de uma mulher. O clitóris foi declarado a origem destes ‘problemas’, e em 1865 o presidente da Associação Médica Britânica recomendava a extirpação do clitóris como uma forma de cura para epilepsia e histeria. Isso só veio a mudar no século 21 – esclarece.
Por ter mais terminações nervosas do que qualquer outra parte do corpo humano, é fácil de entender a razão porque o clitóris é o único órgão humano que não tem nenhuma outra função a não ser proporcionar prazer sexual. Para a ginecologista e obstetra Erica Mantelli, o clitóris é considerado um tabu principalmente pela falta de conhecimento das pessoas sobre a função deste órgão.
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– Por ser a estrutura anatômica responsável pelo prazer sexual da mulher, durante muitas décadas foi ignorado pela maioria das sociedades e grupos religiosos. Por questões culturais e religiosas, muitas pessoas acreditam que a mulher não deva sentir prazer durante o ato sexual e que o único motivo da relação é para procriação e não para satisfação da mulher. Alguns países até hoje praticam a mutilação do clitóris como forma de castigar mulheres, pois consideram o prazer feminino um pecado e algo vergonhoso – afirma.
Para ela, iniciativas como essas são de extrema valia para a conscientização de homens e mulheres sobre a finalidade do clitóris e sua importância para a mulher. O prazer sexual é um direito da mulher e todas merecem receber orientações sobre como conhecer seu próprio corpo e obter satisfação sexual. Estar em equilíbrio com todas as funções do seu corpo, sem medo e sentimento de culpa é o primeiro passo para a mulher se sentir completamente realizada e feliz.
– Conhecer seu próprio corpo é o primeiro passo para a mulher deixar de sentir medo, culpa e até mesmo vergonha sobre sua sexualidade. É fundamental que as mulheres recebam orientações com seu ginecologista sobre onde se localiza o clitóris, qual sua função e como deve ser estimulado. O clitóris possui mais de oito mil terminações nervosas e durante sua adequada estimulação leva a mulher ao orgasmo, que é o ápice de prazer sexual – finaliza Erica Mantelli.
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