A comemoração do “Dia dos Mártires” nesta segunda-feira na Tunísia foi marcada pela violência no centro da capital Túnis. Os policiais lançaram uma chuva de gás lacrimogêneo nos manifestantes, que tentavam protestar na simbólica Avenida Bourguiba, interditada às manifestações.

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Os tunisianos incrédulos assistiram cenas de violência que não viam há tempos: centenas de policiais, manifestantes atacados e presos brutalmente.

Os manifestantes se reuniram às 10h, após um apelo lançado nas redes sociais, para celebrar o “Dia dos Mártires” e para exigir a reabertura da avenida, interditada desde 28 de março pelo ministério do Interior.

– Fomos nós que libertamos a Tunísia, eles não têm o direito de interditar manifestações pacíficas – declarou o manifestante Mohsen Ben Henda.

No início da ação policial a multidão começou a correr e se refugiar em lojas da avenida, mas alguns grupos conseguiram rapidamente se reagrupar na Av. Mohamed V, paralela à Bourguiba.

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As pessoas gritavam: “Fora! Fora!”, o mesmo slogan da revolução.

– É um absurdo o que está acontecendo hoje – afirmou uma advogada, Yamina. – Nós somos pacíficos. Eles nos interditaram a Av. Bourguiba enquanto liberaram para os salafistas – completou.

Já no sábado, uma manifestação de diplomados desempregados, que tentavam acessar a avenida, foi violentamente dispersada.

– Estou chocado. As pessoas que a revolução trouxe ao poder são aquelas que nos impedem de se manifestar hoje – disse o ex-presidente da Liga Tunisiana dos Direitos Humanos, Mokhtar Trifi.

“Olha, esta é a liberdade da Tunísia, a Tunísia do Ennahda”, podia ser lido na faixa de um jovem manifestante.

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O porta-voz do ministério do Interior, Khaled Tarrouche, reiterou a interdição de manifestação.

– Não iremos deixar que o caos se espalhe. As pessoas podem se manifestar em outro lugar que não na avenida Bourguiba – disse.

De acordo com ele, ao lançar gás lacrimogêneo, as forças de ordem “queriam evitar confrontos mais graves”, os manifestantes atiraram pedras e uma coquetel molotov destruiu um carro da polícia.

O protesto desta segunda-feira foi convocado nas redes sociais para comemorar o “Dia dos Mártires” em memória da sangrenta repressão por tropas francesas de uma manifestação em 9 de abril de 1938.

Cerimônias oficiais, com a presença do primeiro-ministro Hamadi Jebali e do líder do partido islâmico Rached Ghannouchi, estão programadas para a tarde desta segunda-feira. Enquanto isso, confrontos esporádicos continuaram no centro da cidade.

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