O presidente eleito da Guatemala, o comediante e novato na política Jimmy Morales, enfrentará uma situação complexa para cumprir a promessa de combater a corrupção, em um país abalado pela pobreza e insegurança.
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Morales, 46 anos e um humorista popular no cinema e na TV, tinha 68,6% dos votos, contra 31,4% da rival, a ex-primeira-dama Sandra Torres, com 96,3% das urnas apuradas.
No primeiro discurso após a vitória, o presidente eleito ratificou combate à corrupção como prioridade, após os escândalos que provocaram a renúncia e detenção do ex-presidente Otto Pérez.
O então presidente renunciou ao cargo em setembro, depois que foi apontado como o líder da rede de corrupção que fraudava a alfândega. Ele está atualmente em prisão preventiva.
Morales assumirá o poder em 14 de janeiro com o desafio de erradicar a corrupção e sanear a administração dos recursos públicos, um grande desafio para um presidente que terá apenas 11 dos 158 deputados da próxima legislatura, de seu partido FCN-Nação, de direita.
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Ele anunciou uma reunião de sua equipe de governo com os líderes do Congresso para discutir as prioridades orçamentárias do próximo ano e citou o combate à desnutrição, o abastecimento dos hospitais com medicamentos e o apoio aos produtores.
A equipe de transição terá um encontro com o presidente interino Alejandro Maldonado, que governa o país desde a renúncia de Pérez.
“O que solicitamos ao novo governante são resultados concretos desde o primeiro dia. Queremos ver o combate à corrupção com resultados verificáveis”, afirmou o presidente do Comitê Coordenador de Associações Agrícolas, Comerciais, Industriais e Financeiras (CACIF), Jorge Briz.
“O mandato popular disse e é o que todos exigimos: combate à corrupção. Queremos um novo governante honesto, capaz, que apresentar resultados imediatos”, insistiu o empresário.
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Briz aumentou a pressão ao afirmar que o novo governo deve atuar na segurança, saúde, educação, infraestrutura e combate à miséria.
Mais de 50% dos 15,8 milhões de guatemaltecos vivem em condições de pobreza. O país registra quase 6.000 mortes por ano provocadas pela violência, um dos maiores índices da América Latina.
Vitória frágil
Apesar da vitória contundente com quase 70% dos votos, a representatividade do resultado pode ser questionada porque o índice de abstenção superou 50% dos eleitores, de 7,5 milhões.
O baixo nível de participação e a frágil representação legislativa do partido governista deixam o futuro governo em posição complicada ante possíveis escândalos.
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“O grande desafio é evitar acusações de corrupção ante a baixa legitimidade do próximo governo, isto é algo que poderia novamente provocar manifestações, como as que provocaram a renúncia de Pérez”, disse Cristhians Castillo, analista político do Instituto de Problemas Nacionais da Universidade de San Carlos.
Ele destacou que Morales gerou muitas expectativas e será submetido a um intenso escrutínio da população.
O futuro presidente antecipou que deseja contar com a presença da Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (CICIG), um organismo aprovado pela ONU que contribuiu com o Ministério Público ao denunciar os últimos escândalos de corrupção.
Também anunciou que destinará mais recursos ao MP para a continuidade das investigações.
* AFP