Foi em uma pequena garagem na Alemanha, que há 133 anos nascia o primeiro automóvel do mundo, fruto de uma invenção de Gottlieb Daimler e Carl Benz. Desde então, a precursora Mercedes-Benz não parou de inovar e conseguiu seguir no pelotão de frente das transformações do setor, provocando mudanças estratégicas em sua cultura, de olho no futuro, e com o propósito de superar os próprios recordes. Essa história inspiradora foi a escolha para abrir o ciclo de palestras do último dia da Expogestão 2019, em Joinville, nesta quinta-feira (16).

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Competiu a Holger Marquardt, diretor-geral da Mercedez-Benz divisão automóveis para América Latina e Caribe, compartilhar a jornada da gigante automobilística, hoje líder do segmento premium e detentora de 37% da participação mundial do mercado de automóveis (38% no Brasil). Diante de uma platéia de cerca de 1,2 mil pessoas, no auditório principal da Expoville, o executivo afirmou que os fatores para o sucesso da empresa e o que se espera está nas características da marca, construídas ao longo de mais de um século em seus produtos e serviços: tecnologia, inovação e sofisticação.

— É este sucesso que nos permite avançar para o futuro. A nossa marca rejuvenesceu nos produtos, nas experiências vividas em cada detalhe (dos produtos) e na maneira de nos comunicarmos com o nosso cliente, com mais proximidade. Isso é diferencial diante das megatendências que estão mudando nossas vidas, e quem podia lidar melhor com essas mudanças do que os inventores do automóvel? — afirma.

De acordo com Holger, as tendências que surgem a partir das novas tecnologias vão mudar a indústria para sempre. A Mercedes-Benz entendeu isso e se preparou para essa nova era baseada em sustentabilidade, digitalização e urbanização. "O desafio estava em conectar os pontos e fizemos isso aliando mobilidade elétrica, serviços e conectividade pensando em veículos autônomos, munidos pela inteligência artificial", destaca.

Estratégia visionária

O gatilho foi lançar ainda em 2015 a estratégia da Mercedes para o futuro, o projeto “CASE”: conectividade; autonomia; serviços e compartilhamento; e elétricos.

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Conexão: Ele explica que quando a companhia pensa em conexão, age para utilizar a capacidade de interação da inteligência artificial para conectar homem e máquina, com um assistente pessoal sobre rodas e melhorar o entretenimento no interior do veículo, por exemplo.

Autônomos: a referência está em deixar o tráfego mais seguro e já há veículos em teste em várias partes do mundo, com o intuito de reduzir o número de acidentes e promover mudanças radicais. A empresa já utiliza em seus veículos freios autônomo; e sistemas que reconhecem a travessia de pedestres, controles de cruzamento e a distância para outros veículos.

Serviços: Holger destaca que a empresa faz mais do que pensar no automóvel apenas como um carro, mas passa a encará-lo como uma forma de mobilidade de acordo com a situação (mobilidade mais flexível).

Elétricos: a empresa está convencida de que o futuro da indústria automobilística está nos veículos elétricos, sem emissão de poluentes.

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Nova cultura de Gestão

Na avaliação do palestrando, o sucesso da Mercedes-Benz diante dos desafios da modernidade são as pessoas. Para manter a companhia preparada para o amanhã e ainda mais competitiva houve uma mudança cultural.

Executivo cita que a Mercedes cria um ambiente de cooperação criativa para promover soluções eficazes
Executivo cita que a Mercedes cria um ambiente de cooperação criativa para promover soluções eficazes (Foto: Salmo Duarte, A Notícia)

— O mundo está mudando, é incerto, complexo e ambíguo. As tecnologias se renovam constantemente e os hábitos de consumo também se transformam, por isso primeiro nos reinventamos internamente para liderar a mudança que o mundo exige — aponta.

De acordo com o alemão, a decisão foi mudar a maneira de liderar. No passado a empresa mantinha uma liderança por comando e controle, com sistemas complicados, hierarquia clara, poucos tomadores de decisões e processos otimizados. Hoje o que existe é uma liderança por sistemas auto reguladores e cada funcionário sabe o seu papel para o sucesso da organização. “Existem muitos tomadores de decisão, não há hierarquia, a comunicação é alinhamento e não instrução e isso nos permite mais rapidez e agilidade com poucas regras básicas”, reforça.

A mudança de cultura se deu em 2016, porém sem perder a característica alemã, de pulso firme nas decisões. Para que tudo desse certo foram definidos oito princípios: propósito; agilidade; empoderamento; querer vencer; espírito pioneiro; aprendizado; cocriação; e foco no cliente.

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— Nosso propósito é primeiro mudar o mundo, isso nos motiva e significa ir mais além do que objetivos imediatos. A mobilização para o que em pela frente faz parte do nosso DNA e nossa capacidade de agir rapidamente diante de novos desafios é o que faz a diferença — acredita, Marquardt.

O empresário cita ainda como pilares a cocriação, na qual a Mercedes cria um ambiente de cooperação criativa com diversidade de pensamentos para promover soluções eficazes. A companhia também mudou seu sistema de feedback para o modelo 360º, mais honesto e aberto. Outra mudança está em abrir espaço para ideias dos funcionários, dentro do espírito de start-up. Por último, Holger Marquardt deixou uma lição a quem, assim como a Mercedes, busca a inovação como atividade constante.

— Mudanças não são fáceis, porém necessárias, seja você a mudança que tanto deseja. Desafie-se, seja ousado e comece antes de estar pronto, comece com você mesmo — completou.

Marquardt é diretor-geral da Mercedez-Benz divisão automóveis para a América Latina e Caribe
Marquardt é diretor-geral da Mercedez-Benz divisão automóveis para a América Latina e Caribe (Foto: Salmo Duarte, A Notícia)

Sobre o Palestrante

Holger Marquardt é diretor-geral da Mercedez-Benz divisão automóveis para a América Latina e Caribe e foi convidado pela Expogestão para apresentar o trabalho realizado na mudança de cultura da Mercedez-Benz no mundo todo. Atuando no grupo desde 1990, Marquardt passou por várias funções, como na área de controlling de vendas, na Alemanha, na Espanha e Portugal, na área financeira, na África do Sul e pelo Brasil, em 2003, antes de passar dois anos na Turquia e mais de sete na China como vice-presidente de Finanças e Controladoria. É formado em Administração pela Universidade de Göttingen.

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