A arquibancada vazia será a única testemunha de Luiz Augusto Jorge. Ele não fará nenhum gol, mas seus pés entrarão para a história como os últimos que pisaram os tacos de madeira do ginásio Abel Schulz, no Centro de Joinville. O piso do ginásio deixará de existir em alguns dias e dará lugar ao concreto e produtos químicos que tormam a quadra emborrachada.
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A mudança faz parte da reforma total do Abel Schulz, iniciada esta semana e que deverá ser entregue no começo de dezembro. Além do piso, os torcedores que conheceram a velha estrutura poderão ver outras novidades como um telhado de metal e ligas transparentes que apreveitam melhor a luz do sol, rampas de acesso, vestiários e iluminação moderna. Tudo sem perder as características arquitetônicas do prédio.
-O piso está se soltando. Nem precisa fazer muita força para arrancar- diz Jorge, que já olha para o piso sonhando em vê-lo brilhando, novinho.
O trabalho dele – a retirada dos tacos – faz parte da primeira fase da obra. Depois, será colocada uma base de concreto e ferro armado e sobre esta estrutura serão pintadas as quadras de basquete, vôlei e futsal.
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O piso da quadra será substituído não apenas porque o material _ concreto e tinta epóxi _ é mais moderno, mas também para evitar a deterioração em caso de alagamentos do Centro. A tinta emborrachada é mais seguro para os atletas, resistente e de pouca manutenção. Em caso de alagamento do ginásio, será construído também um sistema de drenagem com secagem rápida da quadra.
O telhado, que hoje é de madeira e fibroamianto, também será completamente substituído e dará lugar a placas de metal e um material transparente. Além disso, também será instalada uma base da polícia militar, anexo ao ginásio, ao lado da praça Dario Salles.
O presidente da Felej, Fernando Krelling, ainda não definiu como será a reabertura do ginásio. Fala em algum amistoso, mas não dá detalhes. Por enquanto, comemora o começo das obras e a certeza de que, a partir do ano que vem, o Abel Schulz voltará a receber competições esportivas de base e amadoras da cidade.
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História do futsal da cidade
Embora tenha dado lugar aos jogos de basquete nos últimos anos, foi o futsal amador de Joinville que fez história no Abel Schulz. O próprio presidente da Felej, Fernando Krelling, foi para debaixo da goleira ontem lembrar algumas conquistas vividas no ginásio.
-Ganhamos alguns citadinos aqui. O Abel Shculz sempre foi a casa dos atletas de base e amadores de Joinville-, diz o ex-goleiro que defendeu equipes como AABB, Embraco e Autoelétrica Brasil.
Outro personagem que lembra com saudade dos momentos mais importantes do esporte amador no ginásio é Wilson Otto Siedschlag, atual presidente da Liga Joinvilense de Futsal. Segundo ele, durante muito tempo os joinvilenses disputaram os ingressos para os jogos com antecedência.
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-Os jogos eram às 21 horas e às 19 horas tinham que fechar os portões porque não cabia mais ninguém-, relembra.
O próprio prefeito Udo Döhler conheceu a emoção de entrar em quadra do Abel Schulz.
-Esse prédio é um monumento histórico de Joinville e, particularmente, me traz boas lembranças, como o festejo de 100 anos do município. Além disso, eu também já joguei basquete aqui e, agora, nós vamos devolvê-lo para a população-, contou.
História
O prédio do Abel Schulz foi inaugurado em 1948. Por mais de 30 anos foi dirigido pelo próprio Abel Schulz, um dos maiores nomes da gestão do esporte amador da cidade. Schulz também foi presidente da Sociedade Amigos de Joinville, que foi responsável pela gestão do ginásio nas últimas seis décadas.
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No dia 1º de outubro de 2008 acabou a concessão e o espaço foi devolvido ao município. Desde então, sua estrutura tem sofrido com a falta de manutenção. Nenhum evento esportivo ou cultural é realizado no ginásio desde 2010.