As equipes de resgate começaram nesta quarta-feira a recuperar os destroços do ferry sul-coreano Sewol, quase três anos após o naufrágio dramático que provocou 304 mortes, em sua maioria estudantes do ensino médio, e que manchou a presidência da chefe de Estado agora destituída.

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Chorando, parentes das vítimas pediam orações para que a operação tenha sucesso.

A balsa afundou em 16 de abril de 2014 ao largo da ilha de Jindo (sudoeste). A embarcação está a mais de 40 metros de profundidade, e várias operações de resgate foram adiadas devido ao mau tempo.

As autoridades temem que o ferry de 145 metros de comprimento quebre em vários pedaços.

O resgate é uma das principais exigências das famílias das vítimas. Nove corpos nunca foram encontrados e ainda poderiam estar presos nos destroços.

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“Eu sou uma mãe e sinto a falta da minha filha”, declarou, chorosa, Lee Keum-Hui. “Rogai por nós, para que voltemos para casa com Eun-Hwa”.

Lee, como outros familiares das vítimas, vive desde o naufrágio em barracos improvisados em Paengmok, o porto mais próximo.

Em uma atmosfera tensa, o pai de um desaparecido tenta assistir às operações com binóculos. “Não vamos sair daqui enquanto o Sewol não voltar à superfície”, disse sob condição de anonimato.

Cerca de cinquenta parentes acompanham no mar a operação.

Duas grandes barcaças foram posicionadas em ambos os lados de um navio de 6.825 toneladas. A operação, conduzida por um consórcio chinês, envolve o uso de sacos de ar, vigas e cabos.

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Quando dois terços dos destroços vieram à superfície, uma embarcação semi-submersível será posicionada abaixo para transportá-los até o porto de Mokpo.

De acordo com um funcionário do ministério dos Assuntos Marítimos, demorou três horas para içar os destroços a um metro acima do fundo do mar. Mergulhadores verificam a estabilidade da balsa e se nenhum problema for encontrado a operação, que durará três dias, começará de fato.

O naufrágio abalou a presidência de Park Geun-hye, a presidente deposta após um escândalo de corrupção.

Ela havia passado as primeiras horas do desastre, as mais cruciais, reclusa em sua residência, e nunca explicou o que fazia, alimentando os boatos mais loucos.

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Ao destituí-la em dezembro, a Assembleia Nacional a acusou de negligência durante o naufrágio, o que não foi aceito pelo Tribunal Constitucional que acabou por endossar sua demissão.

A tragédia, provocada por uma série de erros humanos – um espaço de carga ilegalmente redesenhado e sobrecarregado, equipe inexperiente e relações conflituosas entre o operador e as autoridades reguladoras – chocou o país.

A balsa levou três horas para afundar, mas aqueles que estavam a bordo não receberam ordem de evacuação.

O capitão, Lee Jun-Seok, foi condenado à prisão perpétua por “homicídio por negligência” e 14 membros da tripulação foram condenados a penas de dois a 12 anos de prisão.

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* AFP