O processo contra o imã Fetulá Gülen, exilado pelo presidente turco Recep Tayyip Erdogan, começou nesta quarta-feira em um tribunal de Istambul, que o julgará à revelia.
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Instalado há mais de 15 anos nos Estados Unidos, Gülen é acusado, junto a dezenas de ex-policiais, de pertencer a uma organização terrorista e de acusar falsamente o governo de corrupção, o que, em dezembro de 2013, abalou a chefia de Estado do presidente islamita ultraconservador.
Na ausência do religioso, o ex-chefe da polícia de Istambul, Yakup Saygili, e seu adjunto encarregado de assuntos criminais, Kazim Aksoy, chefe da investigação lançada aem 2013, são os principais processados neste que é considerado um julgamento puramente político.
Em sua acusação, o promotor pediu prisão perpétua para Gülen e penas de 7 a 330 anos para os outros 66 acusados.
Na abertura do processo, um dos advogados de Fetulá Gülen negou toda as acusações contra seu cliente.
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“Não existem provas concretas de que meu cliente tenha participado em nenhuma atividade ilegal, nem um único documento” insistiu Nurulá Albayrak.
“Jamais vimos uma investigação tão obscura na história de nosso país”.
“É uma vergonha que todas estas pessoas que não causariam mal a uma mosca sejam apresentadas como terroristas”, afirmou outro advogado, Murat Erdogan. “Isso é mais um linchamento judicial”.
Promotor de um islã moderado, o imã Gülen, de 74 anos, dirige uma vasta rede de escolas, ONGs e empresas de comunicação na Turquia, nas quais por muito tempo Erdogan se apoiou para firmar sua autoridade.
Mas o presidente declarou guerra pública ao religioso em 2013, convencido de Gülen estava por trás das investigações anticorrupção contra ele, seus ministros e membros de sua família, eles seu filho Bilal, o que o religioso nega.
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O escândalo provocou a demissão de quatro ministros e dominou as redes sociais, que reproduziram trechos de conversas muito comprometedoras o presidente e seu filho.
Apesar disso, Erdogan conseguiu ganhar as eleições municipais em março de 2014 e, cinco meses mais tarde, ser eleito presidente.
Depois de uma disputa sem precedentes, particularmente na polícia e na justiça, o presidente turco conseguiu que todas as investigações sobre sua pessoas fossem tornadas sigilosas.
Desde então, realizou represálias sem precedentes contra partidários do imã e seus interesses financeiros, que resultaram em 1.800 prisões, segundo fontes ligadas ao governo.
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A lista dos autores da ação aberta contra o religioso, revelada nesta quarta, dá a ideia do caráter político da luta contra o que Erdogan chama de “Estado paralelo”.
Além do chefe de Estado, figuram seu filho, Bilal, o primeiro-ministro Ahmet Davutoglu, vários ministros e ex-ministros e o chefe dos serviços secretos, Hakan Fidan.
* AFP