A pouco mais de um mês das convenções estaduais, enquanto as lideranças municipais tentam fortalecer seus projetos e consolidar as pré-candidaturas anunciadas, caciques políticos da tríplice aliança se movimentam para uma reviravolta nas principais cidades do Estado. O objetivo é mexer no cenário, tirar algumas peças do palanque e garantir a consolidação do projeto nas eleições 2012.

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O exemplo mais emblemático é Joinville, onde o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) trabalha fortemente para formar uma edição municipal da tríplice aliança em torno do empresário Udo Döhler. LHS foi o grande articulador da coligação que uniu PMDB, PSDB e PSD (à época ainda DEM) em 2010. Na eleição estadual, a chapa se confirmou nos últimos dias antes do prazo final para homologação das candidaturas. Como ainda faltam 35 dias para o prazo final das convenções deste ano, é com esse tempo que o senador conta para repetir o feito.

Para por em prática seus planos, Luiz Henrique precisa tirar de cena, trazendo para a composição, dois pré-candidatos: Kennedy Nunes (PSD) e Marco Tebaldi (PSDB). Kennedy já foi candidato a prefeito de Joinville em 2008 e ainda não deu sinais que vai abrir mão do projeto neste ano. Kennedy, que foi beneficiado com o saída de cena de Darci de Matos (PSD), revela que na última sexta-feira participou de uma conversa reservada na casa do peemedebista em Joinville, quando recebeu o convite para ser o vice na chapa de Udo.

– Me senti honrado em ser lembrado, é claro, mas disse que não poderia aceitar porque a candidatura pertence ao partido. O que vou dizer no PSD? Que um deputado abriu mão de concorrer para ser vice? -, revelou Kennedy.

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Com mandato de deputado estadual e boa colocação nas pesquisas, o pessedista não tem nada a perder disputando a eleição. O parlamentar pode será uma grande pedra no sapato de LHS na tentativa de formar a tríplice.

– Luiz Henrique trabalha pelo sonho dele, eu entendo. Mas minha candidatura já não é mais minha, é do partido. Não posso abrir mão -, avalia Kennedy.

A situação de Tebaldi não é menos complicada. LHS tentou evitar a entrada do tucano na disputa durante a reforma do secretariado de Raimundo Colombo (PSD), intercedendo para que Tebaldi ficasse no comando da Educação. Como o tucano foi fritado na pasta, deixou o colegiado estadual e tornou-se pré-candidato, sua eleição já é considerada estratégica até pelo PSDB nacional, porque uma possível vitória representaria a derrota do PT no maior colégio eleitoral do Estado. Nesse cenário, seria difícil justificar a retirada do nome do tucano em favor de um projeto do PMDB.

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– Em política tudo é possível, mas todos os partidos têm pré-candidatos e alguém tem que ceder. Ninguém sinalizou até agora -, diz o tucano.

Um acerto em Joinville poderia influenciar as negociações em outras cidades. Recebendo o apoio do PSD de Joinville, o PMDB poderia, por exemplo, oferecer apoio ao PSD de Blumenau, que tem como pré-candidato Jean Kuhlmann. Mas uma das reclamações de peemedebistas é a de que os pessedistas não querem abrir mão em nenhuma cidade.

Mas na Capital, a possibilidade de reunir PMDB, PSDB e PSD foi sepultada já no início do ano, quando o PSD começou a negociar com o PP, principal adversário dos peemedebistas. Em Blumenau, PSD e PSDB têm pré-candidatos e nenhum pretende abrir mão da cabeça de chapa.

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Conversas entre LHS e Colombo

Um telefonema, nos bastidores da Casa d?Agronômica, entre o governador Raimundo Colombo (PSD) e o senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) revela os indícios das articulações dos caciques estaduais para acertar as eleições municipais, embora o governador não tenha confirmado que falava de eleições.

Colombo dizia a LHS que “estava tudo certo em Joinville e Blumenau, sem volta”. Se depender das lideranças estaduais, o que não tem volta são os projetos individuais de cada partido. A vantagem no caso de Joinville, Florianópolis e Blumenau é de que as siglas têm a opção de se unir num segundo turno.

Outras lideranças estaduais também vêm se articulando nas últimas semanas. O ex-governador Leonel Pavan, presidente do PSDB-SC, é uma delas. Reuniu-se com Eduardo Pinho Moreira, vice-governador e presidente do PMDB-SC, e com Gelson Merisio, presidente da Assembleia e do PSD-SC.

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O resultado das eleições municipais desenhará o mapa das forças dos partidos no Estado e credenciará os mais influentes para 2014. Por essa razão, todas as siglas se movimentam para garantir o comando nas principais cidades catarinenses. Apesar disso, os presidentes de partido descartam posturas mais enérgicas como intervenções formais em diretórios municipais.