O antigo Fórum Governador Ivo da Silveira, na esquina das ruas Dona Francisca e Princesa Isabel, em Joinville, guarda muitas histórias ao longo de quase meio século de construção. Em breve, o imóvel será apenas um terreno no Centro, já que as máquinas e os caminhões chegaram para começar a demolição do espaço. No sábado (17), um grande buraco já podia ser avistado no meio dos escombros. Há dez anos o lugar está desativado. Futuramente deve abrigar a sede própria da Justiça Federal na cidade, ainda sem prazo para acontecer.
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— O sentimento é um misto de tristeza pela demolição, mesmo sabendo que era necessária, com boas lembranças do passado por momentos felizes que vivemos aqui entre os colegas que trabalhavam no Fórum – relembra a advogada Maristela Vanzuita Schmidt, com lágrimas nos olhos.
A advogada, que trabalhou na sede do Judiciário joinvilense na década de 80, conta que à época, a turma de juízes, promotores e outros profissionais que exerciam as funções no lugar era bem menor do que a de hoje. Todos se conheciam e acumulavam boas lembranças de amizades lapidadas por causa da construção. No local, Maristela conheceu marido, com quem é casada até hoje. Udo Schmidt estava na inauguração do antigo Fórum, em maio de 1970, e também recorda com nostalgia dos encontros, entre corredores, com outros funcionários.
— Na segunda-feira, todos se reuniam lá no canto para comentar sobre os jogos de futebol do domingo. Quando o relógio marcava 9 horas, nós nos despedíamos e começávamos mais um dia de trabalho — recorda.
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Trabalhos vão até quarta-feira
Licitada em setembro deste ano, a demolição começou no sábado e tem um custo de R$ 246,8 mil na obra, os recursos foram contemplados em projeto de lei do Congresso Nacional, aprovado em plenário. A destruição do prédio irá acontecer de forma mecânica, de dentro para fora e gradativamente. Pouco a pouco, as paredes internas e teto serão destruídos, restando apenas as paredes externas, que serão retiradas por último.
O processo de demolição segue um cronograma e legislação específicos e deve ser finalizada nesta quarta-feira (21), quando as histórias como a de Maristela e Udo ficarão somente na lembrança, sem a construção de referencia. Enquanto ocorre a obra de demolição, o estacionamento da rua Dona Francisca, no trecho que fica a estrutura, estará interditado, o trânsito é organizado na via em duas pistas demarcadas por cones.
A demolição foi a solução encontrada para a construção após um laudo técnico, já que o custo de reforma era muito alto. Na última avaliação, em 2012, a reestruturação do espaço foi estimada em R$ 4,3 milhões, na área de 1,3 mil metros quadrados. A umidade foi uma das principais inimigas da construção, que comprometeu boa parte da estrutura.
Desde dezembro de 1998, que toda a atividade do Fórum de Joinville ganhou outro endereço, na avenida Hermann August Lepper. Até 2008, quando o prédio foi totalmente desativado, outros órgãos municipais e estaduais e municipais, como a Fundação do Meio Ambiente (Fatma) e um centro de operações da Polícia Militar (PM). O prédio já pertenceu à Prefeitura. Em 2015, foi repassado ao Tribunal Regional Federal (TRF4) por meio de uma permuta.
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Durante o período de desativação, o antigo fórum sofreu com as marcas do tempo, acumulo de sujeira e com a ação de vândalos. Agora, a empresa contratada no processo licitatório para derrubar as paredes do Fórum Governador Ivo da Silveira deve ficar responsável também por retirar os escombros e fazer o transporte dos resíduos para um aterro licenciado. A construção da nova sede da Subseção Judiciária de Joinville ainda depende da reserva de recursos para acontecer. Ainda não há previsão de liberação de verba na proposta do orçamento da União para 2019, para a obra da sede da Justiça Federal.