Abril marca o início da colheita de pinhão em Santa Catarina. Para mais de 3 mil famílias da Serra Catarinense o momento é de muito trabalho. A colheita vai até junho. A previsão deste ano é de uma safra 60% maior que de 2020, chegando a 1,4 mil toneladas. Mas, segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), em safras normais a produção passa de 3 mil toneladas.
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– Para 2021, está sendo estimada uma safra com crescimento de cerca de 60% em relação a 2020, mas não deve atingir 50% de uma safra considerada normal. Com isso, este ano fecha o ciclo de baixa na produção de pinhão e inicia a curva de crescimento. Assim, se espera uma safra maior no próximo ano, ano de crescimento da curva cíclica do pinhão – comenta Luiz Toresan, analista de Socioeconomia do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (CEPA).
O cenário é motivado por fatores climáticos e a chamada alternância na produção, onde em alguns anos os pinheiros produzem mais pinhas e em outros menos. Mesmo assim os produtores estão animados porque vão conseguir compensar a produção de 2020. Essa é uma atividade bem familiar e perigosa.
– O pinhão faz parte da renda de várias famílias agricultoras da região, que aguardam a abertura para iniciar a colheita e comercialização de várias maneiras, principalmente com barracas montadas à beira das rodovias locais – relata José Marcio Lehmann, gerente da Epagri em Lages.
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A colheita do pinhão exige experiência, disposição e muito cuidado. Aprender a subir nos pinheiros com quase 30 metros de altura é uma lição geralmente passada de pai para filho. Lucas Souza Melo, é morador do Painel, tem 28 anos e desde os oito vai para os matos com o pai colher pinhão. Usando a espora ele chega a subir até 30 pinheiros por dia. É no alto que estão às pinhas com as sementes que garantem o sustento da família dele e do pai o ano inteiro.
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Aos 59 anos, Orlei Arruda Melo deixa para o filho a missão de encarar as subidas nas araucárias. Ele fica no chão, ajudando a encontrar as pinhas com um olho clínico de um produtor experiente. E se no ano passado eles conseguiram colher apenas 40 sacos de pinhão, esse ano a produção deve passar dos 250 sacos.
Principal produtora de pinhão de SC
Painel é a principal produtora de pinhão de Santa Catarina e também é a cidade onde mora um dos produtores mais antigos do estado. Aos 72 anos, Dercílio Alves Arruda ainda arrisca subir nos pinheiros. Ele aposentou o laço que usava para escalar as araucárias e agora sobe só de escada. Dercílio conta que a atividade faz parte da vida inteira dele.
– Desde guri que a gente vende o pinhão. Comecei em 1970. Já passou dos 50 anos que a gente todo o ano tira o pinhão – relembra.
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Se a produção deve ser melhor que o ano passado, o preço também está agradando o produtor. Neste início de safra os atravessadores estão pagando R$ 3 o quilo. Os pinhões produzidos na Serra são vendidos no Estado. Hoje, Santa Catarina fica atrás apenas do Paraná em termos de produção. O pinhão ainda é uma atividade informal, e por isso acredita-se que a quantidade de pinhão pode ser ainda maior.
REGULAMENTAÇÃO DA COLHEITA
> A lei estadual nº 15.457 de 2011 proíbe a colheita, transporte e comercialização do pinhão antes de 1º de abril. Nas principais regiões produtoras da semente, Meio-Oeste, Oeste e Serra, a fiscalização é intensificada para coibir as práticas.
> A intenção é proteger a reprodução da araucária e o alimento sustentável dos animais silvestres. O descumprimento da lei prevê multa de R$ 500, a serem revertidos para o Fundo Especial de Proteção ao Meio Ambiente (Fepema).
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