Assim como a chineque, a cuca caiu no gosto popular e atualmente é considerada até um prato típico joinvilense. O doce é tão famoso entre moradores e visitantes que, desde 2014, existe um festival para celebrar a iguaria que é tão tradicional na cidade.
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São diversas combinações de sabores que passam de geração para geração. Asta Hetzer foi ganhadora da 1ª edição do Festival de Cucas e também foi a vencedora da reedição do evento feita em 2020, que contou só com as receitas campeãs. A receita campeã foi a de maçã com nozes.

Ela conta que faz cucas há 35 anos e a maior incentivadora e quem a instruiu para que começasse a fazer os doces foi a sogra, que a convidou para trabalhar no negócio dela. Com a experiência, Asta tem a fórmula do sucesso na ponta da língua: “a receita centenária das cucas”.
– Desde sempre mantivemos a receita original, principalmente a massa, que é o nosso diferencial – conta a mulher.
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No início, Asta fazia as cucas sob encomenda e produzia os doces na própria casa. Ela lembra que, no decorrer dos anos, foi testando e novos sabores foram surgindo. Além disso, lembra que contou com a ajuda de clientes que viajavam para a Alemanha (local de origem da cuca) e traziam sugestões.
Em 2000, no entanto, mudou-se para um apartamento e teve que parar com os pedidos temporariamente. Mas, após a participação no Festival de Cucas, antigos clientes voltaram a procurá-la e, quatro anos depois, com auxílio da filha, que era executiva de multinacional, começou a pensar em algum negócio relacionado a cucas.
Foi quando nasceu a “Ah! Cucaria”, com primeira filial instalada em Florianópolis. Atualmente, a empresa é uma rede de franquias e, além da Capital, possui unidades em Joinville, Blumenau e Curitiba. A expectativa é terminar 2022 com 15 lojas abertas. Para Asta, o festival foi o grande responsável pela criação do negócio próprio. Ela diz que levar o sabor centenário da família para Santa Catarina e até fora do Estado é motivo de orgulho.
– Como campeã das campeãs, representar a nossa cidade é sempre, além do orgulho, um privilégio que nos esforçamos para honrar em nossas lojas – pontua.
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Especiaria antiga que remete à infância
Jean Prado venceu a 6ª edição do festival e conta que, para além da memória afetiva que a cuca representa, o doce faz parte da tradição joinvilense desde os tempos da Colônia Dona Francisca, quando os imigrantes europeus, principalmente os alemães, trouxeram na bagagem a receita da “streuselkuchen”, como a cuca é conhecida no país.
– É importante lembrar que, antigamente, na Alemanha, a cuca era um doce feito apenas em ocasiões especiais, por ter os insumos muito caros para aquela época – explica Prado.

Em Joinville, a cuca ficou mais popular com o recheio de banana, justamente pela abundância na produção da fruta na região, diz. Com o passar do tempo, no entanto, foi ganhando variações e ainda mais popularidade entre os joinvilenses.
Para Prado, o sabor remete a memórias da infância vivida na casa dos avós.
– Lembrança de quando chegamos na casa de nossos avós e tinha aquela mesa grande com todos a família reunida, e não podia faltar aquela cuca maravilhosa – destaca Prado.
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Inscrição de última hora e cursos
Prado conta que por pouco não ficou de fora da 6ª edição do Festival de Cucas. Ele lembra que as inscrições terminavam às 13h daquele dia e, quando se deu conta, já havia passado 17 minutos do prazo. Mas, por sorte, as inscrições foram prorrogadas, e o confeiteiro conseguiu participar do concurso.

A receita que levou para a competição foi a de banoffe, um sabor que até então era novo no paladar e que havia experimentado no Réveillon anterior a aquele ano. A mistura de banana, canela e doce de leite acabou o conquistando o júri e garantiu a vitória.
– Como eu já fazia cuca e um de nossos clientes sempre me falava que minha cuca de banana era a melhor que já tinha comido, pensei “vou me inscrever com essa”, mas achei que precisava de algo a mais na receita. Aí, lembrei da cuca de banoffe de dezembro e coloquei as medidas que eu achava que iriam dar certo. Lembrando que eu nunca tinha feito esse sabor. Por sorte, deu certo – relata.
Após ter vencido o festival, Prado, que já tinha a Bebel Brownies, confeitaria artesanal, começou a produzir também cucas. Como o negócio já era direcionado ao doce de chocolate, passou a direcionar os pedidos das cucas para as sextas-feiras.
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Para ele, ganhar o festival lhe abriu muitas portas e ele, inclusive, começou a dar cursos do sabor campeão em várias cidades do Estado. O perfil dos alunos, segundo ele, é variado, vai desde pessoas mais velhas que querem aprimorar as receitas e jovens em busca de renda até donos de panificadoras que buscam aumentar ainda mais o mix de produtos.
– Eu pude levar a nossa cultura pra muita gente – conclui o confeiteiro.
O festival de 2022
Após o período de pandemia da Covid-19, o 8° edição do Festival de Cucas de Joinville chega trazendo de volta o formato presencial pela primeira vez em dois anos. O evento, fundado pela NSC TV, acontece neste sábado, 9 de julho.
Quatro anos após o lançamento do concurso, a Câmara de Vereadores de Joinville aprovou a criação da Semana Municipal da Cuca, o que fortaleceu ainda mais a tradição na cidade.
Este ano, a mostra de cucas acontece no último piso do estacionamento do Shopping Mueller, em uma estrurura especial. Além da final do famoso concurso de cucas, haverá outras atrações para o público, como apresentações artísticas durante todo o dia.
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As seis receitas finalistas que irão disputar o título de melhor cuca de Joinville são: Cuca de Ameixa, de Thiago Iorio; Cuca de Banana, de Fracieli Matos; Cuca de Café com Doce de Leite, de Thais dos Santos; Cuca de Frutas Vermelhas, de Karen Benack; Cuca de Abacaxi, de João Chiquetto e a Cuca de Pinhão com Maçã, de Camila Rodrigues.
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