Em países como a Alemanha e República Dominicana, a combinação de vacinas contra a Covid-19 tem sido recomendada na esperança de obter uma proteção mais eficaz. Contudo, pela visão dos cientistas, ainda não se sabe se essa estratégia de imunização é segura e necessária.

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Enquanto alguns estudos estão sendo conduzidos para entender melhor os riscos e benefícios da combinação de vacinas contra a Covid-19, esse tema tem despertado o interesse e curiosidade de boa parte da população, inclusive no Brasil.

Combinação de vacinas contra a Covid-19: o que preciso saber?

A ideia de combinar vacinas já foi explorada antes mesmo da pandemia do Novo Coronavírus. Chamada de dose-reforço heteróloga, a mistura de vacinas já foi utilizada para estudo da gripe aviária. 

Considerando que esse tipo de pesquisa pode durar meses, ou até mesmo anos para compreender o efeito da combinação de vacinas contra a Covid-19, é importante que a ciência entenda como produzir melhores imunizantes, utilizando o conhecimento para outras vacinas e entendendo como o sistema imunológico responde à diferentes imunizantes.

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É por meio de pesquisas como essas que melhores programas de imunização podem ser desenvolvidos, especialmente para aquelas pessoas que não apresentam boa resposta imunológica, como transplantados e imunossuprimidos.

Uma pesquisa publicada na revista especializada Annals of Internal Medicine aponta que uma terceira dose da vacina contra a Covid-19 pode reforçar os níveis de anticorpos em pessoas que receberam transplante de órgãos, e que não tiveram uma boa resposta às doses anteriores.

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Além disso, um número crescente de países está considerando a combinação de vacinas contra a Covid-19 para segundas doses, acompanhando a Dinamarca. Com medida particularmente necessária, o país iniciou a mistura de diferentes vacinas quando as autoridades de saúde descontinuaram as inoculações com a Astrazeneca, em função de raros efeitos colaterais. De acordo com a EMA (Agência Européia de Medicamentos), e outras autoridades do setor, os benefícios da combinação de vacinas contra a Covid-19 superam os riscos.

No Brasil, a vacina Astrazeneca não é recomendada para grupos específicos, como as gestantes. Essa restrição foi adotada após a morte de uma grávida no Rio de Janeiro que havia recebido o imunizante no dia anterior. No entanto, a ligação entre a vacina e a morte da gestante ainda não foi constatada.

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Para as gestantes que já tinham sido imunizadas com a Astrazeneca, a recomendação do Ministério da Saúde foi realizar a combinação de vacinas contra a Covid-19, utilizando a Pfizer na segunda dose. Entretanto, essa decisão foi rapidamente desconsiderada.

No Brasil, a vacina Astrazeneca não é recomendada para grupos específicos, como as gestantes.
No Brasil, a vacina Astrazeneca não é recomendada para grupos específicos, como as gestantes. (Foto: Secom / Divulgação)

Se tomei uma vacina, posso tomar a segunda dose de outra?

Atualmente, a recomendação do Ministério da Saúde é não realizar a combinação de vacinas contra a Covid-19. A orientação é que as unidades de saúde tenham em reserva a segunda dose para a aplicação. 

Em alguns locais houveram pessoas que receberam a segunda dose atrasada devido a falta de vacinas. Mesmo assim, a orientação é manter o mesmo tipo de imunizante, e não misturar.

O Ministério da Saúde enfatiza que ainda não existem testes finalizados sobre a mistura de imunizantes. Por isso, não é possível prever como será a eficácia de uma pessoa vacinada com duas marcas diferentes de imunizantes. Assim como não se pode saber quais são os efeitos colaterais que a combinação de vacinas contra a Covid-19 pode causar. 

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As próprias fabricantes alertam para que não seja realizada a combinação de diferentes produtos. Segundo o Plano Nacional de Operacionalização da vacinação contra Covid-19, a preconização é que as pessoas que iniciarem a imunização contra a Covid-19 devem completar o esquema com a mesma vacina.

Caso aconteça a combinação, essa deve ser considerada um erro, sendo o indivíduo que recebeu as vacinas diferentes acompanhado por autoridades de saúde. 

Por que não posso fazer a combinação de vacinas contra a Covid-19?

Até o início de agosto, 70% da população do Brasil recebeu ao menos uma dose de vacina contra a Covid-19. Considerando que a orientação é que as unidades tenham a segunda dose referente à primeira que foi aplicada, a combinação de vacinas contra a Covid-19 no Brasil deve ser evitada. 

Afinal, estamos falando da interação de medicamentos imunobiológicos com origens e plataformas diferentes. Futuramente, a comunidade científica poderá apontar os efeitos de acordo com os estudos que ainda estão em andamento. Contudo, por hora, nada pode ser comprovado.

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Por que outros países estão combinando as vacinas?

As recomendações relacionadas à combinação de vacinas contra a Covid-19 em diferentes países se devem à preocupação com o risco para casos de trombose após a primeira dose da AstraZeneca. Além disso, para as alterações das faixas etárias dos indivíduos que a recebem, assim como problemas de abastecimento.

Com isso, foram geradas incertezas generalizadas, fazendo com que jovens de alguns países, principalmente europeus, que já haviam recebido a primeira dose fossem excluídos da segunda.

Os resultados dos estudos mistos, em que existe a combinação de imunizantes, sustentam a possibilidade de vacinar aqueles que receberam a primeira dose de AstraZeneca com um reforço diferente, quando isso for necessário. Outras pesquisas que estão em andamento são voltadas para avaliar os cronogramas de mistura e combinação entre as vacinas Moderna e Novavax.

Os países que não apresentam problemas com a demanda dos imunizantes escolheram a combinação de vacinas contra a Covid-19 na esperança de aumentar a imunidade e melhorar a flexibilidade dos programas de vacinação.

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Isso porque, com um programa flexível, é possível que as entidades de saúde tenham agilidade diante das limitações de oferta. Ou seja, em caso de falta de vacinas, o processo de imunização não é interrompido para aguardar o fornecimento. Ele pode ser continuado com uma vacina diferente, ainda que ela não seja a mesma da primeira dose.

O pensamento que leva outros países a utilizar a combinação de imunizantes é a hipótese de que, caso uma vacina seja menos eficaz, quando associada com outra, os esquema de vacinação se torna mais eficiente, melhorando as chances de combater também as novas variantes da doença.

Em alguns países estão sendo usados esquemas vacinais mistos, depois da alteração recomendada para a vacina AstraZeneca devido à ocorrência do risco para trombose como um efeito colateral muito raro.

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Em países da Europa, autoridades de saúde estão aconselhando os mais jovens que receberam a primeira dose da Astrazeneca a receber um imunizante alternativo como segunda dose. Em situações como essa, as vacinas mais indicadas têm sido aquelas com mRNA, como a da Pfizer. 

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Efeitos colaterais causados pela combinação de vacinas contra a Covid-19

Foi observado entre as pessoas que receberam doses combinadas de vacinas a maior probabilidade para o desenvolvimento de sintomas leves a moderados com a segunda dose da vacina. 

Entre eles, estão sensações como calafrios, fadiga, febre, dor de cabeça, dores nas articulações, mal-estar, dores musculares e no local da injeção. Contudo, essas reações foram apresentadas com curta duração, e não foi registrado nenhum outro problema de segurança. 

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A proibição da combinação de vacinas contra a Covid-19 no Brasil

No dia 8 de julho deste ano, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que não seria revogada a autorização para que gestantes realizassem a imunização com vacinas diferentes.

A alternativa havia sido adotada por pelo menos dois estados após a imunização de gestantes com a Astrazeneca ter sido interrompida até que fosse investigada a morte da gestante vacinada.

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Para as mulheres grávidas que já tinham recebido a primeira dose da Astrazeneca, os estados do Ceará e Rio de Janeiro passaram a autorizar a aplicação da segunda dose com a Pfizer. 

Contudo, de acordo com o ministro da saúde, ainda que os secretários estaduais e municipais tenham autonomia, ela não deve ser usada para mudar o cerne do que foi discutido na política tripartite. 

Não se devem ser criados esquemas vacinais diferentes de forma arbitrária sem seguir o Programa Nacional de Imunizações. Dessa forma, a combinação de vacinas contra a Covid-19 entre gestantes, ou não-gestantes, não deve ser realizada.

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De acordo com Queiroga, as mulheres grávidas que tenham recebido a primeira dose da vacina Astrazeneca devem completar o esquema vacinal com o mesmo imunizante. Contudo, somente depois do puerpério, ou seja, o período de 45 dias após o parto.

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Além disso, as vacinas de vetor viral (Astrazeneca e da Janssen) não deverão ser utilizadas em grávidas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou que gestantes não recebam estes imunizantes. 

Assim, as gestantes que não tiverem comorbidades, poderão ser vacinadas contra o Novo Coronavírus com imunizantes da Pfizer e Coronavac e, seguindo orientações do Ministério da Saúde, a combinação de vacinas contra a Covid-19 deve ser desconsiderada.

As diferenças entre as vacinas contra a Covid-19

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