Os combates em terra e os ataques aéreos continuaram nesta segunda-feira (5) ao redor da cidade portuária de Hodeida, nas mãos dos rebeldes huthis no oeste do Iêmen, apesar de a coalizão que luta contra eles, liderada pela Arábia Saudita, negar que busque uma “escalada”.

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Esta coalizão que intervem no Iêmen desde 2015, liderada pela Arábia Saudita e pelos Emirados Árabes Unidos, apoia as forças iemenitas pró-governo, em guerra com os rebeldes huthis, aliados ao Irã e que controlam o porto de Hodeida, no Mar Vermelho.

Na segunda-feira à noite, os combates registrados desde quinta diminuíram de intensidade, mas não pararam, segundo fontes militares.

De acordo com dois médicos de Hodeida, os corpos de 74 combatentes huthis foram levados a hospitais da cidade nas últimas 24 horas. Além disso, 15 combatentes pró-governo foram mortos nos confrontos, segundo fontes médicas iemenitas.

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A organização Save the Children informou segunda-feira que seus integrantes em Hodeida observaram pelo menos uma centena de bombardeios aéreos durante o fim de semana, o que representa “cinco vezes mais do que na primeira semana de outubro”.

“Esta escalada nos arredores de um dos portos mais importantes do Iêmen pode significar que milhares de crianças continuam sob a linha de fogo e impede a distribuição de alimentos e remédios em um país onde a fome extrema e as doenças matam uma média de 100 crianças a cada dia”, alertou a organização humanitária.

– Esforços da ONU –

Uma fonte da coalizão disse que esta aliança contra os rebeldes “apoia” os esforços da ONU para reativar o processo de paz e não busca uma “escalada”, apesar das operações em andamento.

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Não se trata de “operações ofensivas”, mas de mobilizações para “proteger nossas tropas e ampliar os perímetros de segurança em certas áreas”, declarou à AFP a fonte da coalizão que pediu anonimato.

“A coalizão se comprometeu em reduzir as hostilidades no Iêmen e apoia fortemente o processo político”, que o enviado especial da ONU busca relançar, acrescentou.

No entanto, “se os huthis não comparecerem às negociações de paz, isso poderá levar à retomada da ofensiva em Hodeida”, detalhou.

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“A situação humanitária no Iêmen é inaceitável” e “nos comprometemos a acabar com o conflito o mais rápido possível” e “manter o porto de Hodeida aberto”, assegurou esta fonte.

Na sexta-feira, o secretário-geral das ONU, António Guterres, pediu o fim “imediato” da violência no Iêmen para impedir que o país caia em um “precipício”, com metade de sua população ameaçada pela fome.

Em 30 de outubro, quando a Arábia Saudita estava na defensiva pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, o secretário americano de Estado, Mike Pompeo, e o ministro da Defesa dos EUA, Jim Mattis, exigiram o fim da guerra no Iêmen e a abertura das negociações em um prazo de 30 dias.

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O centro de análise Soufan considerou nesta segunda-feira que o governo americano estava fazendo muito “barulho” por conta da pressão do Congresso, mas que as “ações concretas” não se concretizavam.

Enquanto isso, na Arábia Saudita, a agência oficial SPA informou que durante esta semana de combates morreram seis soldados sauditas “perto da fronteira meridional”, que é a fronteira com o Iêmen, mas não especificou as circunstâncias.

De acordo com a mesma agência SPA, o príncipe herdeiro saudita Mohamed bin Salman, conhecido como MBS, visitou nesta segunda os soldados hospitalizados em Riad e tirou “selfies” com eles, segundo imagens divulgadas pela mídia oficial.

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Cerca de três quartos da ajuda humanitária que entra no Iêmen transita pelo porto de Hodeida.

Desde 2015, o Iêmen vive uma guerra que já deixou 10.000 mortos e mais de 56.000 feridos, segundo a Organização Mundial de Saúde, embora vários funcionários humanitários considerem que o balanço real de vítimas seja muito maior.

* AFP