Pelo segundo dia consecutivo, a cidade de Áden, no sul do Iêmen, foi cenário de combates nesta segunda-feira entre as forças separatistas e governamentais, que usaram tanques e artilharia pesada.
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O Iêmen do Sul era um Estado independente antes de sua fusão com o Norte em 1990, e o movimento separatista permaneceu muito poderoso.
A violência desta segunda-feira resultou em pelo menos nove mortes – cinco separatistas e quatro soldados – segundo indicaram fontes militares à AFP.
No dia anterior, o balanço foi de 15 mortos e 122 feridos, incluindo civis.
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A crise iniciada no domingo em Áden, a segunda maior cidade do Iêmen, entre os separatistas e o governo do presidente Abd Rabbo Mansour Hadi, apoiado pela Arábia Saudita, deu uma nova dimensão a um conflito extremamente complexo que se arrasta há três anos neste país pobre da Península Arábica.
Os separatistas eram aliados do governo, mas a situação tornou-se tensa em abril de 2017, quando Hadi demitiu o governador de Áden, Aidarus al-Zubaidi, que formou no mês seguinte um Conselho Transitório do Sul, uma autoridade paralela dominada por separatistas.
Este Conselho lançou um ultimato na semana passada a Hadi exigindo a saída do primeiro-ministro Ahmed ben Dagher e “mudanças no governo”, acusado de “corrupção”.
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O ultimato expirou na manhã de domingo e os combates eclodiram imediatamente. A sede do governo e outras instalações foram tomadas pelos separatistas, de acordo com fontes militares.
– ‘Tiros durante toda a noite’ –
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) relatou combates noturnos. “Tiros durante toda a noite em Áden, incluindo com armas pesadas”, indicou no Twitter Alexander Faite, chefe da delegação do CICV no Iêmen.
Em um comunicado, a França condenou a violência, pediu a todas as partes um acesso “sem impedimento” à ajuda humanitária e a retomada do diálogo para encontrar uma saída para o conflito.
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O mediador da ONU no Iêmen, Ismail Ould Sheikh Ahmed, também pediu “um retorno à calma e ao diálogo”, acrescentando que a ONU está “sempre disposta a ajudar a resolver disputas”.
O emissário, que deve deixar o cargo em fevereiro, não conseguiu promover um cessar-fogo ou solução duradoura para o conflito.
Esta manhã, fontes da segurança disseram à AFP que os separatistas estavam convocando reforços para Áden das províncias de Abyan (sul) e Marib (centro).
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Em Abyan, essas forças entraram em confronto com as unidades governamentais, mas conseguiram continuar seu progresso.
Segundo fontes militares, cinco combatentes separatistas foram mortos por atiradores emboscados e quatro soldados leais ao governo foram mortos em tiroteios.
A grande cidade portuária ficou completamente paralisada nesta segunda-feira em meio ao fogo cruzado de tanques e artilharia pesada.
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Os confrontos se intensificaram na parte da tarde, e as ruas estavam desertas, constatou um cinegrafista da AFP, que confirmou o uso de tanques de guerra. Escolas e lojas permaneceram fechadas na maior parte da cidade.
– ‘Conselho do golpe’ –
De acordo com a agência governamental Saba, o primeiro-ministro se reuniu na noite de domingo com outros membros do seu gabinete para discutir “desenvolvimentos militares e atos de sabotagem visando as instalações governamentais”.
Esses atos são direcionados “contra a legitimidade representada pelo presidente Hadi”, acrescentou a agência, observando que o governo condena “os fora da lei representados pelo Conselho do golpe”.
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O governo, expulso da capital Sanaa em setembro de 2014 por rebeldes xiitas huthis apoiados pelo Irã, estabeleceu sua sede em Áden no ano seguinte.
Uma coalizão árabe, dominada pela Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, interveio no Iêmen em março de 2015 em apoio ao governo.
Em 17 de janeiro, a Arábia Saudita anunciou a transferência de 2 bilhões de dólares para o Banco Central do Iemên, controlado por Hadi, salvar a moeda e a economia do país.
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* AFP