Os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) sírios e estrangeiros serão evacuados no norte da Síria em virtude de um acordo anunciado neste sábado, enquanto combatentes árabes e curdos apoiados por Washington estão prestes a se apoderar da cidade.
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Segundo o acordo, os combatentes estrangeiros também poderão se render ou entrar nos ônibus para serem evacuados, provavelmente, para a província vizinha de Deir Ezzor, informou à AFP Omar Alloush, um funcionário de alto escalão do Conselho Civil de Raqa.
Esta administração local participou, junto com líderes tribais, de negociações para tirar os extremistas de Raqa e para permitir a evacuação de civis, às vezes utilizados como escudos humanos.
A coalizão internacional liderada por Washington, que apoia os combatentes anti-extremistas que participam na batalha, havia anunciado anteriormente a saída de um “comboio” de Raqa após um acordo de retirada, sem mencionar o destino dos extremistas sírios e assegurando que os combatentes estrangeiros seriam excluídos deste acordo.
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“O comunicado da coalizão diz uma coisa, mas a realidade é outra”, afirmou Alloush. “Sim, os combatentes estrangeiros fazem parte do acordo”, ressaltou.
Três anos depois das conquistas no Iraque e na Síria, o EI se encontra encurralado em seus últimos bastiões, e seu “califado”, autoproclamado em junho de 2014, desmorona diante da ofensiva dos Estados Unidos e da Rússia.
– ‘400 reféns’ –
Em Raqa, os extremistas estão há várias semanas entrincheirados em seus últimos redutos, enquanto os combatentes curdos e árabes das Forças Democráticas Sírias (FDS) foram recuperando a cidade progressivamente, até assumir o controle de 90% da cidade, com o apoio dos bombardeios aéreos da coalizão.
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No total, segundo este alto responsável, até 500 extremistas, tanto sírios como estrangeiros, poderiam continuar entrincheirados em Raqa. “Há 400 reféns, mulheres e crianças no hospital” da cidade, onde se encontram.
Alloush também forneceu à AFP um comunicado escrito por líderes tribais no qual anunciava que as FDS haviam dado seu aval para a “saída de combatentes sírios”.
Em um primeiro momento, a coalizão havia explicado que o acordo tinha por objetivo “minimizar as perdas civis”. “As pessoas que deixarem Raqa em virtude do acordo serão registradas” e sua identidade verificada, informou o comunicado.
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Antes, havia se mostrado taxativo quanto os extremistas estrangeiros: “não serão autorizados a deixar Raqa”, assegurou, prevendo “difíceis combates nos próximos dias”.
Durante o verão, a evacuação de extremistas da região fronteiriça entre Líbano e Síria para Deir Ezzor (leste) provocou reações hostis de parte da coalizão, que lançou mão de operações aéreas para impedir que um comboio chegasse perto do Iraque.
Vários países ocidentais temem que a desmobilização do EI na Síria e no Iraque estimule os extremistas a voltar para seus países de origem.
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Acredita-se que os atentados do EI perpetrados na Europa nos últimos anos tenham sido planejados em Raqa.
– ‘A ponto de acabar com o Daesh’ –
“Estamos a ponto de acabar com o Daesh em Raqa”, disse à AFP um porta-voz das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), principal componente das FDS, usando o acrônimo em árabe do EI.
Encurralados em seus últimos bastiões sírios, os extremistas também perderam neste sábado seu reduto de Mayadin, na província de Deir Ezzor (leste), em uma ofensiva do regime sírio apoiado pela força aérea russa.
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Damasco, por sua vez, exigiu neste sábado a “retirada imediata” das forças turcas do noroeste da Síria, onde Ancara prevê criar uma “zona de distensão” na província de Idlib.
Essas tropas foram empregadas em virtude de um acordo concluído pela Turquia -que apoia os rebeldes- e por Rússia e Irã, que protegem o regime sírio, para instaurar “zonas de distensão” nas quais países garantidores se comprometem a pôr fim aos combates.
A província de Idlib é controlada por Tahrir Al-Sham, uma coalizão extremista composta principalmente pelo antigo braço da Al-Qaeda no país.
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* AFP