Ao priorizar o assunto com uma política pública bem definida e estruturada, o Estado admite estar diante de um problema de graves dimensões e dá um recado claro aos criminosos. ?

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O início das atividades da Delegacia de Combate às Drogas, inaugurada ontem em Florianópolis, é informação alentadora para a sociedade catarinense, que deseja um trabalho vigoroso das instituições públicas no combate ao tráfico de entorpecentes – atividade ilegal que alimenta e oxigena uma série de outros crimes. Com abrangência estadual, a mais nova estrutura da Polícia Civil vai ter o grande desafio de surpreender os grupos que atuam em Santa Catarina, não só com um trabalho de repressão capaz de impedir a distribuição das remessas aos consumidores finais, mas também, e principalmente, com um setor de inteligência que permita rastrear e estancar as movimentações financeiras dos chefões da venda das drogas ilegais.

A iniciativa oficial mostra-se uma estratégia acertada. Ao priorizar o assunto com uma política pública bem definida e estruturada, o Estado admite estar diante de um problema de graves dimensões – inclusive sob o aspecto social – e dá um recado claro aos criminosos: o de que não vai transigir em relação a essa atividade ilegal. Pode-se dizer, e com razão, que não se poderia esperar outra postura do poder público, incumbido constitucionalmente da função de garantir o Estado de Direito e agir contra o crime organizado.

Mas é bom lembrar também que a história recente do país mostra que muitas vezes a omissão estatal abriu uma perigosa brecha para o domínio da marginalidade, deixando como refém uma população honesta e trabalhadora. Além de investimento em tecnologias de ponta, espera-se que o grupo montado pela Polícia Civil catarinense trabalhe em conjunto, e de forma permanente com outras instituições, como a Polícia Militar, a Polícia Federal e os ministérios públicos estadual e federal.

Só com uma ação articulada, sem qualquer tipo de resistência, é que o poder público terá condições de virar o jogo nessa batalha. Santa Catarina sabe que, além de coibir a comercialização de maconha e cocaína, tem o dever de casa de continuar monitorando as rotas de drogas sintéticas. A apreensão recorde de 100 mil comprimidos de ecstasy em setembro, em Florianópolis, trouxe à tona um modus operandi antes desconhecido e colocou o Estado nessa rota internacional.

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Na outra ponta, as instituições oficiais devem ter a sensibilidade de criar oportunidades para tratamento de viciados em drogas. Não se pode esquecer também da necessidade de um foco preventivo, trabalho paralelo e essencial para diminuir o tamanho das organizações criminosas, especialmente nas principais cidades do Estado.