O comando da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) na Câmara pressionará o pecuarista José Carlos Bumlai para que fale em depoimento ao colegiado marcado para as 14h30min de terça-feira. A estratégia será mostrar para Bumlai que, se usar o direito constitucional de permanecer calado, será ainda mais atacado por integrantes da CPI.

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Nesta segunda-feira, o juiz federal Sérgio Moro, que determinou a prisão preventiva dele, negou pedido da defesa para que o empresário fosse dispensado do testemunho. De acordo com Moro, por ter prerrogativas de autoridade judicial, a comissão deve dispensá-lo. O pedido à CPI, contudo, foi feito na sexta-feira ao presidente da comissão, Marcos Rotta (PMDB-AM), que negou e manteve a oitiva.

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“Observo que as comissões parlamentares de inquérito têm poderes instrutórios próprios de autoridade judicial, tendo sido dela a iniciativa de ouvir o investigado. Então, a dispensa do comparecimento pessoal, a pretexto do exercício do direito ao silêncio, deve ser formulada pela defesa à referida CPI e não a este Juízo”, afirmou o juiz federal, no despacho desta segunda-feira.

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Na sexta, os advogados de Bumlai pediram a dispensa do depoimento tanto a Moro como a Rotta, sob o pretexto de que o empresário usará o direito constitucional de ficar calado durante o testemunho. No pedido, a defesa alega que, diante do silêncio, a ida do pecuarista apenas trará gastos aos cofres públicos, sem contribuir para os trabalhos do colegiado.

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A defesa tenta evitar a ida de Bumlai à Câmara por temer que o cliente seja execrado pelos deputados, mesmo em silêncio. Advogados sabem que sobretudo os deputados da oposição aproveitarão a presença do pecuarista para constrangê-lo com perguntas, principalmente sobre a relação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

*Estadão Conteúdo