O ministro da Educação, Fernando Haddad, defendeu que seja dispensada atenção sistêmica do setor do ensino no país. Em apresentação no Fórum Empresarial que acontece na Ilha de Comandatuba, na Bahia, Haddad disse que é um equívoco ter uma visão fragmentada da estrutura educacional, considerando de forma separada a educação fundamental, média e superior.
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– Não dá para pensar em educação básica sem a formação de professores de nível superior. É equivocado pensar que a educação superior não se soma à básica – destacou o ministro, para quem essa segmentação é contraditória.
Haddad enfatizou que a educação deve ser incluída na agenda do crescimento da economia do país, já que o baixo nível educacional influi diretamente na capacidade de inserção no mercado de trabalho e no pleno exercício da cidadania.
– Se aliarmos essa agenda com a da educação, o Brasil vai ocupar o lugar que merece, considerando sua vocação natural e o talento do seu povo – sentenciou.
O ministro reforçou a idéia de que o sistema educacional do Brasil tem problemas por ser injusto. Segundo ele, há muitos talentos e o que chamou de “ilhas de excelência” em várias regiões do país, mas as condições que garantem resultados positivos não são reproduzidas em todas as instituições de ensino. Na avaliação de Haddad, um dos principais problemas está na gestão de recursos – questão que, garantiu, já está sendo encaminhada com a implementação do Plano de Desenvolvimento da Educação.
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– É a primeira vez que são fixadas metas de qualidade para garantir o direito à educação. Temos de aprender a lidar com metas – disse o ministro, para quem o cumprimento dos parâmetros estabelecidos pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica vai equiparar a educação brasileira à dos países mais desenvolvidos.
Universidade pública
Um dos pontos que o ministro revelou considerar importante para garantir a educação de qualidade é a ampliação da universidade pública. Ele lembrou que poucos professores de escolas estatais são formados em universidades mantidas pelo governo.
– A União deve formar, com apoio dos Estados e da iniciativa privada, mas a responsabilidade maior é da União.
Ensino técnico e escolaridade
Segundo Fernando Haddad, outro ponto que caracteriza a deficiência do ensino público no país é um ensino médio que parte do princípio de que todos os estudantes que entram na escola vão chegar à universidade. A alternativa para corrigir essa visão – a seu ver, equivocada – é garantir aos alunos que não chegam ao nível superior uma formação técnica aliada à formação básica.
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O ministro exemplificou que, quando uma empresa instala uma nova máquina, é preciso de pessoal para capacitar os trabalhadores que vão operá-la, e esse trabalho demanda recursos. Porém, com a baixa escolaridade, a compreensão das novas instruções fica mais difícil, e esse trabalhador se torna um ônus para a empresa. Haddad garantiu que o governo vem conversando com a sociedade sobre a melhor forma de aliar o ensino profissional com a educação fundamental.
– As pessoas precisam aprender a aprender, e isso só se faz na escola.
Recursos
Fernando Haddad reconheceu que, para cumprir o plano, há a necessidade de mais recursos, e não dá para se pensar na possibilidade de tirar de uma modalidade de ensino para investir em outra. Segundo ele, a rede pública conta com cerca de R$ 120 por aluno/mês, montante com o qual considera quase um milagre conseguir que se ensine algo efetivo.