A má distribuição de educação é também a base da desequilibrada distribuição de renda no Brasil. A tese foi defendida pela presidente do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, na abertura da primeira parte do Fórum Empresarial, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais na Ilha de Comandatuba, na Bahia.

Continua depois da publicidade

Viviane Senna baseou seu discurso em uma pesquisa ilustrada com as cores das bandeiras de alguns países, usadas como modelo para a distribuição de indicadores sociais. No caso da bandeira brasileira, o verde, o amarelo, o azul e o branco mostravam a disparidade na divisão dos recursos econômicos.

– Educação sozinha é responsável por 50% da má distribuição de renda no país. Outros indicadores não chegam a 10% – disse Viviane.

Segundo a presidente do Instituto Ayrton Senna, há cerca de 100 milhões de pessoas que não completaram o ensino fundamental no Brasil. Ela atribuiu o fato a dois problemas: a dificuldade de acesso à escola, universalizado apenas a partir da década de 90, e a falta de sucesso na atividade escolar, ou seja, uma educação que começa para todos e termina para poucos.

– Se atinge poucos, é privilégio, não é direito – ressalvou.

Continua depois da publicidade

Conforme Viviane, 7 em cada 10 crianças que entram na escola não completam o ensino médio, e os que mais ficam pelo meio do caminho são os mais pobres. Para dar a dimensão do problema, ela fez um comparativo com a epidemia de dengue, que atinge várias localidades do país.

– Se a dengue atinge as pessoas dessa forma, mas não mata 70% da população, temos aí um vírus muito mais violento, que é a falta de qualidade da educação.

PIB

Viviane Senna apresentou números atribuídos ao Banco Mundial que mostram o impacto da má educação na economia do Brasil. Segundo a presidente do Instituto Ayrton Senna, o país deixaria de crescer 0,5% ao ano por causa do volume de pessoas que deixam a escola antes de concluir os estudos.

– É difícil haver investimento mais lucrativo do que passar de ano.

Apesar de expor um quadro crítico da educação no país, Viviane Senna disse acreditar ser possível reverter esta situação. Para ela, o problema não é de aplicação de recursos, mas de gestão. Para ilustrar seu otimismo a presidente do Instituto Ayrton Senna apresentou resultados de parcerias da entidade com governos de vários Estados, como Sergipe, Paraíba, Goiás e Tocantins.

Continua depois da publicidade

– As coisas parecem impossíveis. Nós estamos lá no fim da linha, mas temos condições de fazer essa história mudar – disse Viviane, ao ressaltar que os resultados de avaliações de educação feitas no Brasil não são corretamente utilizados.

O pronunciamento de Viviane foi encerrado com uma homenagem, em vídeo, ao irmão dela, o piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna, morto em 1994 em conseqüência de um acidente durante uma corrida.

Logo em seguida empresários presentes anunciaram uma série de doações e ações sociais a serem realizadas em parceria com o instituto presidido por Viviane Senna. O montante arrecadado em 10 minutos totalizou R$ 4,52 milhões.