O ainda comandante do 4º Comando Regional do Corpo de Bombeiros em Santa Maria, tenente-coronel Moisés Fuchs, usará a casa do povo para se defender de acusações sofridas em relação à tragédia na boate Kiss. A partir das 15h desta terça-feira, Fuchs deverá ocupar a Tribuna Livre da Câmara de Vereadores, onde fará um pronunciamento sobre as questões imputadas a ele e relacionadas ao incêndio que matou 241 pessoas.

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Na sexta-feira, logo após a entrega do inquérito policial referente à investigação da tragédia, o governador Tarso Genro (PT) anunciou o afastamento do comandante. No entanto, segunda-feira, após falar à Comissão Especial criada pela Câmara de Vereadores de Santa Maria para debater leis de prevenção a incêndio, Fuchs reiterou que segue no comando da corporação e que, caso seja comunicado oficialmente da decisão de Tarso, irá cumpri-la.

– O governador é o meu chefe supremo. Se ele me dá uma ordem, eu, como militar, vou cumprir. Não interessa. Milico não discute ordens. Ele cumpre – afirma Fuchs.

O comandante ressaltou também que está finalizando um texto em que irá expor o seu entendimento sobre diversas questões e rebaterá eventuais inverdades vinculadas a ele.

– Enquanto não for efetivada (a minha exoneração), não terei me apresentado em outro lugar. Tudo que está saindo por aí (a respeito da exoneração) é mentira. O delegado (Marcelo Arigony) mentiu hoje (segunda-feira) ao dizer que eu estava afastado. Farei um pronunciamento na Câmara de Vereadores, provavelmente, na Tribunal Livre. Não vou fazer nada na mídia que seja distorcido, precipitado. Amanhã (terça-feira) eu vou falar na Câmara. Muitas coisas que eu tenho dito na imprensa estão sendo recortadas e coladas e, posteriormente, utilizadas contra mim. Fiz um texto direcionado a essas pessoas que me acusam e sobre as inverdades que saem contra mim – disse o tenente-coronel.

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Bombeiros denunciam estrutura no Estado e criticam governador

Ao verem colegas sendo responsabilizados pela tragédia em Santa Maria, no sábado, em Porto Alegre, representantes da Associação dos Oficiais da Brigada Militar (Asofbm) decidiram expor problemas enfrentados pela corporação. Para isso, foi redigida uma carta na qual cinco novas medidas são sugeridas ao governo do Estado e ao Comando Geral da Brigada Militar. Em dezembro de 2011, um documento com 10 medidas de modernização na gestão do Corpo de Bombeiros foi encaminhado ao Palácio Piratini. Nenhuma das sugestões foi adotada.

Entre as sugestões estão o pedido de autonomia plena de gestão e um organograma próprio. Segundo o coordenador do núcleo de bombeiros da Asofbm, major Rodrigo Dutra, isso acabaria com a influência da Brigada Militar nos processos operacionais do Corpo de Bombeiros. A intenção é responder diretamente à Secretaria Estadual de Segurança Pública, o que iria garantir também um repasse fixo de 10% do orçamento da secretaria. Atualmente, o Corpo de Bombeiros depende da verba da BM e de iniciativas de cada companhia. Dutra ressaltou ainda que o principal problema para a entidade é a falta de efetivo. O pronunciamento do governador Tarso Genro repercutiu de maneira negativa entre os bombeiros. O tenente-coronel José Carlos Riccardi Guimarães, presidente da Asofbm, classificou suas declarações como levianas e midiáticas, e criticou o afastamento do tenente-coronel Fuchs:

– Ele (o governador) cometeu uma indelicadeza. O tenente-coronel Fuchs não foi condenado a nada, nem indiciado. Ainda bem, pois se o prefeito Cezar Schirmer foi responsabilizado (pelas ações de seus subordinados), ele (Tarso), como comandante-chefe, teria de ser também – avaliou.

Caso kiss:

Confira aqui o relatório do inquérito disponibilizado pela Polícia Civil

VÍDEO: polícia apresenta imagens que embasaram indiciamento criminal

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