Comandante da Polícia Militar Rodoviária aponta falhas no projeto da SC-405, em Florianópolis

O comandante do 19º Grupo de Polícia Militar Rodoviário, sub-tenente Jairo Gonçalves Cabral, acompanha diariamente o vaivém dos carros no trecho entre os trevos da Seta e do Rio Tavares, e tem um diagnóstico para os seguidos acidentes, que tiveram aumento de 30 % depois da inauguração da terceira pista, no dia 22 de dezembro de 2011.

– Desatenção do motorista aliada ao excesso de velocidade. O limite é de 60 km/h, e já registramos no radar carros a 120 km/h. Quando encontram pista livre, os veículos vão além da conta, na maioria das vezes – afirmou ele.

Outro problema apontado pelo comandante é que a obra da terceira pista, sob responsabilidade do Deinfra, está incompleta.

– Estavam no projeto calçadas, ciclovias e lombo-faixas de 10 cm de altura, para dar segurança ao pedestre. Não foram feitas. Em dezembro, solicitei que pintassem novamente as faixas e fizessem a limpeza nas margens. Não fizeram – contou.

::: Veja fotos da SC-405 que mostram os riscos por que passam pedestres e motoristas

E uma lombada eletrônica?

Uma reivindicação frequente de moradores e comerciantes das margens da rodovia é a lombada eletrônica.

– Quando doer no bolso é que os motoristas vão respeitar o pedestre que quer atravessar – acredita Daniela Pereira.

Porém, o comandante da PMRV não acredita que isso solucionaria o problema.

– Ia causar filas quilométricas. Temos experiência de outros trechos em que a lombada eletrônica causa filas. A solução ali seria proibir o retorno e fazer um lugar para retornar, uma rótula. Hoje temos que fazer vistas grossas para quem faz a volta ali, porque não um local apropriado.

De acordo com Jairo, a rótula foi sugerida na elaboração do primeiro projeto e ficaria na altura da garagem da empresa Insular, entre os quilômetros 1 e 2.

::: Leia o relato de quem presencia o perigo no trecho da rodovia diariamente

Melhorias em fase de projeto

A falta de segurança no trecho foi experimentada pelo próprio diretor de Planejamento de Projetos do Deinfra, William Wojcikiewicz, que disse, em entrevista à Hora, ter ficado preocupado com a situação. No final do ano passado, o órgão estadual publicou edital com um novo projeto no valor de R$ 1,8 milhão, para dar mais segurança ao pedestre.

– Vão ser colocadas caçadas e ciclovias ao longo da terceira pista. Em 11 pontos daquele trecho vão ser instaladas lombadas horizontais com faixas de pedestre, no mesmo nível da calçada. Para proteger o pedestre na hora de atravessar, vão ser construídas ilhas de concreto entre uma pista e outra, e toda sinalização vai ser readequada – explicou o diretor.

Nenhuma empresa quer

Só que nenhuma empresa concorreu à licitação. O projeto está sob reavaliação de orçamento, para atrair quem execute a obra.

– Alegaram ser uma obra em um ponto de muito tráfego, muito urbana e difícil de fazer – revelou.

O novo edital deve ser publicado até o final deste semestre, mas um retorno e a solução para o trancamento no trevo do Rio Tavares vão ficar de fora mais uma vez.

O funcionamento das três pistas

A mudança no sentido da pista do meio segue uma análise da própria Polícia Militar Rodoviária. Segundas, quartas e sextas-feiras, o trânsito vira no sentido Centro-Bairro, para que seja feita a coleta de lixo pela Comcap. Às terças e quintas-feiras, a alteração ocorre a partir das 15h30min. Em todos os dias da semana, em torno de 22h30min, o sentido volta a ser Bairro-Centro. Mesmo assim, as filas continuam.

– O congestionamento não acabou por conta da terceira pista, porque não foi mudado o trevo do Rio Tavares. Ali precisa de uma atenção maior – alerta.