Um homem de 44 anos e a enteada, uma adolescente de 12, ambos negros, foram vítimas de racismo depois de aparecerem em um vídeo nas redes sociais vestindo trajes germânicos comuns na Oktoberfest. A prefeitura de Blumenau condenou os ataques.

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Nas imagens, Alessandro*, que é servidor público em Blumenau, está ao lado da garota. Os dois vestem roupas comuns e surgem, na sequência, com trajes típicos germânicos na Rua XV de Novembro. A “transformação” para a festa é uma das chamadas “trends” que viralizaram no TikTok.

O vídeo foi postado pela namorada de Alessandro e mãe da jovem. Comentários racistas acusaram os dois de “apropriação cultural”. Outros sugeriram que havia “alguma coisa de errado”.

À reportagem do Santa, Alessandro revelou que ficou sabendo das ofensas na manhã desta segunda-feira (10), quando estava a caminho do trabalho – o vídeo foi postado na tarde de domingo:

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— Assusta, né? As pessoas falam com uma raiva, eu não sei da onde tiram isso.

Nascido e criado em Blumenau, o servidor comprou pela primeira vez um traje para participar da festa. O vídeo foi gravado, segundo ele, para curtir o momento. Alessandro diz que a mãe já trabalhou na Oktoberfest e que a família não perde um desfile. E lamentou o fato de algumas pessoas acharem que negros não poderiam fazer parte de um evento germânico.

— A festa me pertence. Sempre fui, sempre vou e sempre irei. Ainda sonho em desfilar, quem sabe um dia. Não são esses comentários que vão atrapalhar o amor que a gente tem pela cidade e pela festa.

Alessandro recebeu a solidariedade do prefeito Mário Hildebrandt. Ele também foi orientado a tomar as providências jurídicas cabíveis nesse tipo de situação.

“A Oktoberfest não tem cor”, diz prefeito

Hildebrandt publicou um vídeo nas redes sociais no início da noite repudiando as ofensas. Ele falou que é preciso se livrar do “preconceito que ainda assola a nossa sociedade”.

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— A Oktoberfest é de todos, para todos e não tem cor — disse o prefeito.

*O nome do homem foi alterado nesta reportagem para preservar a sua identidade. Já a identidade da garota não foi revelada em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente.