“Isso aqui está parecendo Seattle”.
A frase acima resume o espírito do show que o Alice in Chains apresentou, na noite de terça-feira, em Porto Alegre. E ela poderia ter sido proferida por qualquer uma das quase três mil pessoas que compareceram ao Pepsi On Stage numa noite fria e úmida – e de fato foi, embora seu autor estivesse em cima do palco, sendo ovacionado a cada solo de guitarra e aceno de cabeça. Foi assim, lembrando a cidade natal de sua banda, que Jerry Cantrell abriu os trabalhos na capital gaúcha.
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Para quem assistiu ao show do Rock in Rio, a apresentação seguiu praticamente o mesmo script, com poucas (mas bem-vindas) alterações, sendo a mais notável a troca de Rain When I Die por No Excuses – peso compensado por emoção.
De resto, o Alice in Chains mostrou uma respeitosa reverência ao passado enquanto mantém um olhar promissor para o futuro. De sua fase clássica, sob comando do finado vocalista Layne Staley, o grupo fez as paredes tremerem com o hit Man in the Box e, em seguida, arrancou lágrimas com Nutshell.
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Do seu melhor álbum, Dirt, lembrou nada menos que cinco canções (Them Bones, Dam That River, Down in a Hole, Would? e Rooster), todas muito bem executadas pelo (já nem tão) novo frontman, William DuVall – que, lembrando os trejeitos de outra grande voz do som de Seattle, Scott Weiland, estava suficientemente à vontade para dar sua própria intepretação às músicas.
As faixas mais recentes, retiradas dos últimos dois discos, mais do que cumpridoras, se mostraram à altura do melhor do repertório do Alice in Chains. Hollow, Stone e Voices, pinçadas do recente The Devil Put Dinosaurs Here, lembraram o público que o grupo de Cantrell, DuVall, Sean Kinney e Mike Inez está longe de ser extinto – e que Seattle ainda encontra neles valorosos representantes.