Com sete candidatos a prefeito disputa em Itapema é voto a voto

Com pouco mais de 45,7 mil habitantes, Itapema é a cidade que concentra o maior número de candidatos a prefeito em Santa Catarina. São sete ao todo, entre novatos e velhos conhecidos da política local – um para cada 6,5 mil moradores.

Tanta concorrência reflete na propaganda. É difícil caminhar pela cidade sem se deparar com uma placa, um santinho, ou com o candidato em pessoa: para conquistar o eleitor, a maioria tem gastado sola do sapato e apostado no corpo a corpo.

Numa disputa tão acirrada, cada voto pode fazer a diferença entre vitória e derrota. O atual prefeito, Sabino Bussanello (sem partido) foi reeleito em 2008 e não concorre desta vez, o que garante aos candidatos a certeza de alternância na prefeitura.

Para evitar que os ânimos se exaltassem, a Justiça Eleitoral proibiu as carreatas na cidade. A medida foi tomada porque não haveria como garantir a segurança, caso grupos opostos se encontrassem. Segundo a juíza eleitoral Andreia Regis Vaz, a maioria das representações movidas pelas coligações, até agora, dizem respeito a propaganda irregular, que correspondem a 90% das denúncias recebidas pela Justiça Eleitoral na cidade.

Um taxista, que preferiu não se identificar, juntou todos os santinhos que recebeu das mãos dos cabos eleitorais e os colocou numa árvore, na Meia Praia. Tantos galhos foram tomados que, a poucos dias da eleição, já não há mais espaço para propaganda.

Entre os eleitores, há quem reclame que a quantidade de candidatos deixou a cidade com propaganda política demais. A profusão de placas e carros de som incomoda a aposentada Vera Lúcia Schilling, que aguardava o ônibus na Avenida Nereu Ramos, na manhã de quarta-feira:

– É muita propaganda e pouca proposta – afirma.

Vera diz que foi difícil escolher, mas já sabe em quem vai votar. Já Jessé do Prado, 23, ainda está em dúvida:

– Com tantos candidatos e propostas demais o eleitor fica confuso. Quero escolher alguém que vá fazer alguma coisa, não só ocupar lugar.

Discussão

Embora aumente a possibilidade de escolha dos eleitores, o número de candidatos não favorece necessariamente a democracia, segundo Adriano de Bortoli, doutor em Direito e professor da Univali. A diferença está no quanto a disputa desperta o interesse do eleitor, e do que se discute durante a campanha:

– O que importa é a diferença ideológica, de projetos, e para isso não importa se são sete ou dois candidatos.

Ele sugere que os eleitores busquem conhecer a trajetória política do candidato, os acordos e os grupos que financiam a campanha antes de votar.