Ao mesmo tempo em que começa a vigorar neste início de 2016 o novo calendário de vacinação para crianças, adolescentes e adultos, diversas cidades de Santa Catarina (e de todo o Brasil) sofrem com falta de vacinas nos postos de saúde. Entre as imunizações mais prejudicadas estão a contra hepatite (A e B) e a tetraviral, as quais, desde o último novembro, não são repassadas aos Estados pelo Ministério da Saúde. As administrações municipais tentam racionar as doses e priorizar grupos de risco enquanto os estoques, que dão sinais de esgotamento, ainda duram mais um pouco.

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Assim o ano novo começa herdando um problema que se arrasta desde 2015, quando em maio daquele ano as vacinas da BCG (contra a tuberculose) passaram a escassear nas unidades de pronto atendimento. E desde 2013 os repasses estão abaixo do esperado.

Florianópolis recebeu nesta semana o que deveria ser seu abastecimento mensal de vacinas, mas continuam em falta várias delas, como as de hepatite A, varicela, tetraviral, DTP e DP. Os estoques de hepatite B também começam a atingir níveis críticos:

?- Não há nenhuma previsão, por parte do Ministério da Saúde, de normalização do abastecimento destas vacinas, de forma que não sabemos quando nem em que quantidade poderemos receber nas próximas semanas. Assim, infelizmente, há grande possibilidade de comprometimento da vacinação contra hepatite B dos recém-nascidos nos próximos dias ?- diz a gerente de Vigilância Epidemiológica da Capital, Ana Cristina Vidor.

Joinville registra falta de duas vacinas: contra hepatite A e varicela. Na maior cidade de SC a prioridade está nas maternidades, uma vez que os recém-nascidos precisam de proteção imediata ? os demais grupos serão imunizados nos próximos meses. Conforme a Secretaria de Saúde, o remanejamento de vacinas dos estoques mais abastecidos para os mais comprometidos ainda permite o controle da situação.

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Em Blumenau, além dos estoques de vacinas já citadas estarem zerados, faltam soro antirrábico e soro contra picada de cobra. A vigilância epidemiológica da cidade considera a situação um retrocesso. No ano passado, informa, qualquer pessoa encontraria os soros disponíveis nos hospitais. Hoje, se alguém for picado, terá que esperar um pedido urgente.

Sem vacinas para os dois tipos de hepatite, Chapecó faz os cálculos. A gerente de Vigilância Cleidenara Weirich diz que a cada mês são contabilizados 300 recém-nascidos em média. Num ano, são mais de 3 mil. Se a entrega de vacinas não se regularizar em breve, a fila de espera só irá aumentar. No Sul do Estado, em Criciúma, além de faltar vacinas contra hepatite B e tetraviral, também não há doses antirrábicas e para combater o rotavírus.

Ministério diz que situação estará normalizada até fevereiro

O Ministério da Saúde explica que a insuficiência de vacinas é causada pela indisponibilidade dos produtos no mercado nacional e internacional. Em nota, a pasta dá um prazo até fevereiro deste ano para que a situação se normalize. ?Além disso, os contratos do Ministério da Saúde com os laboratórios produtores de vacinas estão em andamento e os pagamentos em dia?, informou a assessoria de comunicação.

No caso da vacina contra a hepatite B, o último repasse foi em outubro do ano passado, quando o governo federal encaminhou mais de um milhão de doses para os Estados. No caso da vacina contra a difteria e o tétano, a pasta diz que comprou cerca de 20 milhões de doses pra todo o país, mas ainda dependem de liberação da alfândega para só então serem enviadas para as secretarias estaduais de saúde. Isso deve acontecer até o fim deste mês.

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Luciana Amorim, chefe da Divisão de Imunização da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive/SC), diz que a justificativa usada por Brasília para a queda nos repasses a Santa Catarina é porque os laboratórios nacionais (como o Instituto Butatã, que fabrica vacina da hepatite B) estão enfrentando dificuldades na produção. Já os lotes de hepatite A são comprados no mercado externo e estão parados na alfândega. Depois a vacina ainda precisará passar por uma verificação de qualidade.

?- A falta de vacina é uma situação preocupante e pode ser causado pela falta de matéria-prima. Tentamos orientar a rede estadual para otimizar o uso da vacina. O ideal é que ninguém precisa aguardar na fila para receber a vacina. Mas por enquanto estamos esperando o Ministério efetuar as entregas.