Em 1985, o estado catarinense contava com apenas 1,5 mil especialistas de tecnologia, atuando principalmente como analistas de sistemas, programadores e operadores de computador. Hoje, o setor emprega mais de 50 mil colaboradores e abrange uma fatia de quase 6% do PIB catarinense, segundo dados do último Tech Report, estudo realizado pela Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE).
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Se não fosse pela escassez de mão-de-obra, o setor poderia deslanchar ainda mais. O Estado, que hoje é considerado promissor quando se fala em expansão desse mercado e abrange um polo tecnológico nacional – a capital catarinense -, contava com 4,5 mil vagas abertas em julho.
Para Iomani Engelmann, presidente da ACATE, a área de inovação tem um estigma de que o trabalhador precisa ter uma inteligência fora do comum, entretanto, qualquer pessoa tem condições de aprender e se desenvolver.
Além disso, segundo ele, a tecnologia possui investimento ainda baixo, considerando outras regiões do mundo que tiveram a inovação como pilar econômico fortalecido nas últimas décadas. Mas mesmo com esses gargalos, a tecnologia catarinense vem auxiliando cadeias produtivas que já são consideradas consolidadas.
— Hoje, o ecossistema de inovação catarinense ajuda as matrizes econômicas do Estado, como o polo industrial têxtil, no Vale, o agronegócio, no Oeste… A tecnologia ajuda essas indústrias a se fortalecerem e a se tornarem competitivas para esta nova economia. SC tem mais um diferencial que é a matriz econômica diversificada, auxiliando e sendo auxiliada pela tecnologia.
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Segundo o presidente da ACATE, municípios como Chapecó e Blumenau são ótimos exemplos onde os atores locais – universidade, indústrias, startups e poder público – se unem para tornar a tecnologia um catalisador de resultados.
Soluções que aliam economia e benefícios à sociedade
No Oeste catarinense, softwares vêm ajudando o setor agroindustrial a melhorar os resultados obtidos na cadeia produtiva, aliando a tradição ao inovador. A PackID, criada em 2016 em Chapecó, possui um serviço para monitoramento de temperatura e umidade em tempo real, para auxiliar toda a cadeia de distribuição de produtos perecíveis a reduzir a perda de produtos e custos ao longo do processo.
A solução conquistou o primeiro lugar na competição internacional de aceleração de starturps, a AdMaCom, (Advanced Materials Competition) organizada pela rede INAM (Innovation Network Advanced Materials), realizada na Alemanha.
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Caroline Dallacorte, CEO da PackID, destaca que a empresa atende indústrias alimentícias, transportadoras, centros de distribuição, operadores logísticos e pontos de venda final. No entanto, também atende indústrias farmacêuticas, clínicas e laboratórios. Os clientes estão em 15 estados brasileiros.
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— Por meio do monitoramento e automatização, o intuito da PackID é que os clientes possam transformar os dados em informação e conhecimento, melhorando processos, criando ações preventivas e ações de melhoria contínua.
Outra empresa em plena expansão é a AQTech, que aumentou em 15 vezes o faturamento em quatro anos – de R$ 1,5 milhão em 2016 para R$ 23 milhões em 2020. Com sede na capital, a empresa disponibiliza ferramentas de hardware e software para monitoramento e diagnóstico de ativos dos setores de energia hidráulica e eólica.
De acordo com o CEO, Sylvio Ramos Filho, a manutenção dos ativos é fundamental para o bom funcionamento de uma geradora de energia, mas também é responsável pelo tempo ocioso das máquinas e por perdas no volume de energia gerado.
— Quando um ativo apresenta problema, ele precisa ser paralisado para a manutenção. Com o uso de tecnologias como a inteligência artificial e machine learning, identificamos falhas antes que elas ocorram — explica Filho.
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As soluções da AQTech estão presentes em oito países e atendem mais de 80 clientes. Para isso, o número de funcionários passou de sete colaboradores em 2017, para 43 neste ano.
Setor gamer e de animação
Santa Catarina vem se destacando na produção de séries animadas e garante projeção internacional. Na ACATE, 10 empresas fazem parte da vertical de Economia Criativa, que abrange jogos educativos, mídias interativas, animações, setor audiovisual, etc..
Entre elas, estão a Games Explot e Plot Kids, ambas com sede em Florianópolis e geridas por Luíza Guerreiro, que já fez parte da vertical de Economia Criativa da ACATE, e hoje é conselheira da Associação Brasileira das Empresas Desenvolvedoras de Jogos (Abragames). Segundo Guerreiro, o Estado conta com cerca de 30 empresas de jogos, que atuam no mercado brasileiro e no exterior.
A Plot Kids, criada há sete anos, é focada no mercado infantil, com parcerias com grandes marcas. Em 2016, a empresa desenvolveu um aplicativo em parceria com a Turma da Mônica, eleito pelo Google como um dos 5 melhores para a família.
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— A gente tinha muita vontade de fazer projetos próprios. Um desses projetos cresceu e dele nasceu a Explot. Há três anos ela está no mercado com essa plataforma, chamada Truth and Tales, que é um aplicativo de bem-estar infantil com contos interativos, audiobooks e treinos de yoga para crianças de 5 a 10 anos.
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